Abscessos perianais O canal anal possui glândulas em seu interior que podem se obstruir sem que haja motivo aparente. Como esta região é povoada por grande número de bactérias, estas logo começam a se proliferar dentro da glândula obstruída. As defesas do nosso organismo, em resposta a esta multiplicação, travam uma batalha que resulta na formação de secreção purulenta ("pus"). A secreção preenche o espaço da glândula, que começa a dilatar e o paciente sente muita dor e, às vezes, tem febre. Está formado o abscesso perianal (FIGURA), que é mais comum em pacientes com doenças inflamatórias intestinais, diabéticos, etilistas (que ingerem grandes quantidades de bebida alcoólica) ou que tem baixa imunidade.
A manifestação mais comum do abscesso perianal é a formação gradual de tumoração (área elevada) na região da nádega, que fica avermelhada, associada à muita dor, dificuldade de assentar-se e, às vezes, febre.
Este paciente deve procurar imediatamente assistência médica; esta é um urgência que não pode esperar. A secreção purulenta ("pus") deve ser drenada senão a infecção pode se alastrar, causar sequelas e até a morte do paciente.
FIGURA COM ILUSTRAÇÃO DE ABSCESSO E FÍSTULA
Fonte da imagem acima: http://www.hospitaldaluz.pt/amadora/pt/apoio-a-clientes/informacao-de-saude/?contentId=41558
Fístulas anorretais
Após a drenagem da secreção purulenta ("pus") do abscesso perianal, é formada uma ferida na pele da nádega. Esta ferida fecha-se espontaneamente na maioria dos casos, todavia, em cerca de 30 % dos pacientes, o local persiste inflamado, doloroso e drenando pequenas quantidades de secreção ou sangue. Chamamos isto de fistula anorretal, que é uma comunicação entre o orifício da glândula, que está localizada no interior do canal do ânus, e a pele, onde foi drenado o abscesso (FIGURA). A cicatrização da fístula sem tratamento é muito rara. Ao perceber a presença de secreções na roupa íntima, feridas próximas ao ânus que não se fecham ou sinais de retorno do sintomas do abscesso, o paciente deverá procurar o especialista para uma reavaliação.
O trajeto que cada fistula percorre da pele até o canal anal varia muito, podendo ser único, múltiplo, completo, incompleto, simples ou complexo. Quanto mais profundo e maior número de estruturas ele atravessar maior a sua complexidade e mais especializado é o seu tratamento.
O tratamento envolve cirurgia e, como a fístula pode envolver os músculos que seguram as fezes (esfíncteres), o paciente deve ser estudado com exames de imagem (Ressonância Magnética, Ultrassonografia, etc) para melhor definição da técnica cirúrgica a ser utilizada e diminuição da chance de complicações (incontinência, estreitamento do canal, entre outras).