A infecção pelo Zika vírus tem assustado os brasileiros e suas características são pouco conhecidas. Como o princípio deste Blog é informar sobre saúde e não só sobre coloproctolologia, é apresentado abaixo um apanhado sobre as principais dúvidas sobre esta doença. SAÚDE!!
10 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A INFECÇÃO PELO ZIKA VIRUS NO BRASIL
1 – O QUE É O ZIKA VÍRUS?
É um Flavivirus da mesma família do vírus da Febre amarela e Dengue. É transmitido pela picada do mosquito do gênero Aedes. (Fonte: Ministério da Saúde).
Há evidências recentes que o vírus pode ser encontrado na saliva e na urina de pacientes, além de poder haver contaminação pela relação sexual e pela placenta.
Fonte da imagem: http://www.ebc.com.br/noticias/saude/2015/12/zika-virus-repelente-adequado-contra-mosquito-aedes-aegypti
2 – O BRASIL É O PRIMEIRO LOCAL AFETADO PELO ZIKA VÍRUS?
Não. Ele foi isolado pela primeira vez em 1947 na floresta de Zika, em Uganda, e relacionado a ela, recebeu seu nome. Relatos existem de infecções esporádicas em humanos na África e Ásia, durante a metade do século passado até que, em 2007, foi responsável por uma epidemia na Polinésia Francesa, concomitantemente com epidemia de Dengue no mesmo local. No Brasil, os primeiro casos relatados ocorreram em Natal, Rio Grande do Norte, no começo de 2015 e, desde então, tem sido considerado uma epidemia. (Fonte: Mem Inst Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Vol. 110(4): 569-572, June 2015)
3 – QUAIS SÃO OS SINTOMAS DA INFECÇÃO PELO ZIKA VÍRUS?
São muito semelhantes aos da Dengue e incluem: exantema maculopapular pruriginoso (manchas elevadas que coçam), associadas a pelo menos dois dos seguintes sintomas.
Fonte da imagem: http://www.mdsaude.com/2015/05/manchas-vermelhas-na-pele.html
- Febre
- Hiperemia conjuntival sem secreção e prurido (olhos vermelhos sem secreção ou coceira)
- Poliartralgia (dor nas articulações)
- Edema periarticular (inchaço próximo às articulações)
Se o paciente apresentar a associação destes sinais e sintomas, deve procurar avaliação médica. (Fonte: Ministério da Saúde)
4 – OUTRAS DOENÇAS PODEM SE APRESENTAR COM OS MESMOS SINTOMAS QUE A INFECÇÃO PELO ZIKA?
Sim. As principais doenças que podem se apresentar com sintomas semelhantes à infecção pelo Zika sâo: Dengue, Sarampo, Rubéola, Citomegalovirose, Mononucleose e Chikungunya. Portanto, o paciente deve procurar o médico para o correto diagnóstico e, se confirmado, a notificação ao Ministério da Saúde. (Fonte: Ministério da Saúde)
5 – EXISTE DIAGNÓSTICO LABORATORIAL PARA A INFECÇÃO PELO ZIKA VÍRUS?
O diagnóstico laboratorial específico de infecção pelo Zika baseia-se principalmente na detecção de RNA viral a partir de espécimes clínicos. O período virêmico não foi estabelecido, mas se acredita que seja curto, o que permitiria, em tese, a detecção direta do vírus em até 4-7 dias. No momento, não há sorologia disponível comercialmente para detecção de anticorpos para Zika Vírus no Brasil, somente o isolamento viral e RT-PCR podem ser realizados e são restritos aos Laboratórios de Referência do Ministério da Saúde.
Informações sobre alterações típicas laboratoriais associadas com a infecção por Zika Vírus são escassas, mas incluem, durante o curso da doença, leucopenia, trombocitopenia e ligeira elevação da desidrogenase lática sérica, gama glutamil transferase e de marcadores de atividade inflamatória (proteína C reativa, fibrinogênio e ferritina). (Fonte: Ministério da Saúde)
6 – EXISTE CURA PARA A INFECÇÃO PELO ZIKA VÍRUS?
Sim. Todavia, a cura virá pelo desenvolvimento de defesas pelo próprio organismo do paciente e o tratamento disponível até o momento está voltado para os sintomas e as consequências da infecção no organismo. Cada paciente deverá receber tratamento individualizado. (Fonte: Ministério da Saúde)
7 – EXISTE VACINA PARA O ZIKA VÍRUS?
Não. Infelizmente, não existem vacinas comercialmente disponíveis para a prevenção da infecção pelo Zika vírus. (Fonte: Ministério da Saúde)
08 – COMO EVITAR A INFECÇÃO?
A melhor atitude é a restrição à reprodução do vetor (mosquito). Estas têm sido divulgadas extensivamente pela mídia e são fundamentais para a diminuição da transmissão da infecção. A proteção do ambiente domiciliar com uso de repelentes para ambiente ou inseticidas também é eficaz, todavia o uso de repelentes individuais é recomendado.
Seguem abaixo as orientações do uso de repelentes de acordo com o Ministério da Saúde:
Orientações sobre o uso de repelentes individuais e domiciliares em gestantes:
Produtos repelentes de uso tópico podem ser utilizados por gestantes desde que estejam devidamente registrados na ANVISA e que sejam seguidas as instruções de uso descritas no rótulo.
Produtos com base de n,n-Dietil-meta-toluamida (DEET) por gestantes no segundo e terceiro trimestre de gravidez é seguro.
Além do DEET, no Brasil são utilizadas em cosméticos as substâncias repelentes como o Icaridin ou Picaridin (p. e.: Exposis®) e Ethyl butylacetylaminopropionate (EBAAP ou IR3535), além de óleos essenciais, como Citronela. Embora não tenham sido encontrados estudos de segurança realizados em gestantes, estes ingredientes são reconhecidamente seguros para uso em produtos cosméticos conforme compêndios de ingredientes cosméticos internacionais.
Uso de repelentes ambientais e inseticidas para controle do mosquito da dengue e orientações sobre sua utilização por grávidas.
Produtos saneantes repelentes e inseticidas podem ser utilizados em ambientes frequentados por gestantes desde que estejam devidamente registrados na ANVISA e que sejam seguidas as instruções de uso descritas no rótulo.
Uso de repelentes para insetos em crianças menores de dois anos:
Produtos à base de DEET não devem ser usados em crianças menores de 2 anos. Outros repelentes podem ser utilizados apenas com liberação do médico assistente levando em consideração o risco-benefício de sua utilização.
Uso de repelentes para insetos em crianças de 2 a 12 anos:
Em crianças entre 2 e 12 anos, a concentração de repelentes a base de DEET deve ser no máximo 10% e a aplicação deve se restringir a 3 vezes por dia. Concentrações superiores a 10% são permitidas para maiores de 12 anos. As substâncias repelentes Hydroxyethyl isobutyl piperidine carboxylate (Icaridin ou Picaridin) e Ethyl butylacetylaminopropionate (EBAAP ou IR3535), além de óleos essenciais, como Citronela podem ser utilizadas nesta faixa etária desde que a liberação esteja escrita no rótulo da embalagem.
A consulta de cosméticos repelentes regularizados na ANVISA pode ser feita no endereço abaixo: http://www7.anvisa.gov.br/datavisa/Consulta_Produto/consulta_cosmetico.asp
(Fonte: Ministério da Saúde)
Abaixo seguem exemplos de repelente com os princípios ativos citados:
Fonte: Anvisa
9 – A INFECÇÃO PELO ZIKA VIRUS PODE CAUSAR DOENÇAS NEUROLÓGICAS?
Sim, a ocorrência de síndromes neurológicas após processos infecciosos pelo vírus da Dengue, Chikungunya está descrita desde 1960 e com o Zika vírus desde 2007, durante o surto ocorrido na Polinesia Francesa e Micronesia. Dentre as manifestações mais comuns, a Síndrome de Guillain-Barré (SGB) é uma das mais frequentes.
A ocorrência de microcefalia (diminuição do perímetro do crânio) de recém nascidos tem sido investigada e pode estar relacionada à infecção de gestantes pelo Zika vírus e a provável passagem deste pela via placentária. Todavia esta informação ainda está em investigação e a ocorrência de microcefalia em uma área de epidemia pelo Zika vírus não pode ser considerada como causa e efeito (Fonte: Ministério da Saúde)
10 – O QUÉ A SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ?
Fonte da imagem: http://vivercommaissaude.com/sindrome-de-guillain-barre-causas-sintomas-e-tratamento/
A Síndrome de Guillain-Barré (SGB) é uma doença autoimune que ocorre quando o sistema imunológico do corpo ataca parte do próprio sistema nervoso por engano. Isso leva à inflamação dos nervos. O dano nervoso provocado pela doença provoca formigamento, fraqueza muscular e até mesmo paralisia.
A SGB está, em 2/3 dos pacientes, relacionada a processos infecciosos, mas não significa que apenas o Zika vírus, dengue ou Chikungunya possam causá-la. Outros agentes com Influenza, infecção pela bactéria Campylobacter (encontrada em aves mal cozidas), HIV, Cirurgias, linfomas e algumas formas de vacinas podem ser responsáveis pelo seu desenvolvimento.
A SGB é mais comum em homens, principalmente mais velhos e os sintomas encontrados são:
Perda de reflexos em braços e pernas
Hipotensão (queda da pressão arterial)
A fraqueza ou paralisia que pode acometer apenas os nervos da cabeça e ou braços e pernas
Dormência
Alterações da sensibilidade
Dor muscular (pode ser cãibra)
Movimentos descoordenados
Outros sintomas podem ser:
Visão turva
Descoordenação e quedas
Dificuldade para mover os músculos do rosto
Contrações musculares
Palpitações (sentir os batimentos cardíacos)
Os sintomas da Síndrome de Guillain-Barré podem piorar rapidamente. Os sintomas mais graves podem demorar apenas algumas horas para aparecer, mas a fraqueza que aumenta ao longo de vários dias é comum. Após os primeiros sinais e sintomas, a doença tende a agravar-se progressivamente durante cerca de duas semanas. Os sintomas atingem seu ápice em aproximadamente quatro semanas.
Alguns sintomas são considerados emergenciais e o paciente deve ser encaminhado para serviço médico de urgência. Eles estão listados abaixo:
Respiração interrompida temporariamente
Não conseguir respirar profundamente
Dificuldade para respirar
Dificuldade para engolir
Babar
Desmaios
Perda de movimentos.
Não existe cura para a síndrome de Guillain-Barré. Entretanto, há muitos tratamentos disponíveis para ajudar a reduzir os sintomas, tratar as possíveis complicações e acelerar a recuperação do paciente.
Quando os sintomas são graves, a hospitalização será recomendada para oferecer tratamentos mais específicos, que podem incluir aparelhos de respiração artificial.
A recuperação começa após a estabilização do quadro, geralmente com duração de seis meses a um ano, embora para algumas pessoas possa demorar até três anos. (Fonte - Sociedade Brasileira de Neurologia)
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