Proctite é uma inflamação do reto, ou seja, a parte final do intestino grosso, e pode ter causas muito variadas. Mas quando falamos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), mais especificamente de gonorreia e clamídia, a proctite causada pelas bactérias Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis tem importância significativa.
Tanto a gonorreia quanto a clamídia têm como principal meio de transmissão o contato sexual. Como existem pacientes que são portadores de infecção, mas apresentam quase ou nenhum sintoma, a transmissão dessas doenças ocorre sem que haja suspeita.
Sintomas da proctite por gonorreia ou clamídia
Os sintomas da proctite gonocócica ou clamidial começam a partir de dez dias de infecção e podem incluir os seguintes:
Tenesmo (vontade intensa de evacuar, sem eliminação efetiva de fezes);
Exteriorização de secreção purulenta ou mucosa (catarro), isolada ou junto com as fezes;
Incômodo geral devido ao processo inflamatório bastante irritante;
A presença de outros sintomas é rara, mas poderá ser investigada.
Diagnóstico nos casos de gonorreia e clamídia
Para fazer o diagnóstico dos casos de proctite relativos a gonorreia ou clamídia, é preciso uma investigação detalhada. A história clínica, cuidadosamente colhida pelo médico, além de um exame físico e proctológico, são primordiais para a correta identificação da afecção.
É muito frequente o paciente identificar o quadro como sendo uma diarreia e, se o profissional não fizer a retoscopia, o tratamento será inadequado e os sintomas poderão persistir.
É importante ressaltar que o relato do paciente sobre relação sexual recente, principalmente desprotegida (sem preservativo), é fator muito sugestivo para o quadro.
Diferenças entre proctite gonocócica ou clamidial
A diferenciação clínica entre as duas origens da proctite, se pela gonorreia ou pela clamídia, é impossível, já que os sintomas são os mesmos e os achados no exame retal são semelhantes. Além disso, a infecção pode ser concomitante, isto é, ambas acontecerem ao mesmo tempo.
Dessa forma, o diagnóstico é feito, na maioria das vezes, de maneira sindrômica. Em outras palavras, para diagnosticar, é preciso haver uma avaliação direcionada ao quadro clínico, sem identificação específica do patógeno causador. Assim, os pacientes são classificados como portadores de proctite infecciosa.
Em caso de necessidades especiais, existem maneiras de realizar o diagnóstico individual dessas infecções. A bactéria da gonorreia pode ser identificada em amostras de secreção, enquanto a clamídia pode ser identificada por culturas ou presença de anticorpos.
Além disso, o DNA de ambas podem ser amplificados em exames de reação em cadeia da polimerase (PCR), que é uma técnica dispendiosa. Portanto, esses recursos só são utilizados em caso de infecções atípicas ou pacientes que não melhoram.
Tratamento da proctite gonocócica ou clamidial
O tratamento da proctite infecciosa – por gonorreia ou clamídia – envolve o uso de antibióticos, sempre dois, para melhorar o espectro de ação contra os dois patógenos.
A abordagem pode ser variada, com uso de azitromicina oral e cefalosporina intramuscular ou doxiciclina oral e cefalosporina intramuscular, por exemplo. As quinolonas, antigamente utilizadas, já mostraram perda de eficácia por resistência bacteriana.
Parceiros e cuidados preventivos
Os parceiros de pessoas infectadas com gonorreia e/ou clamídia devem ser tratados e orientados sobre cuidados preventivos.
E, claro, o sexo seguro, isto é, com uso de preservativos, é sempre recomendado como forma de prevenção de IST – ou DSTs, como as Infecções Sexualmente Transmissíveis eram conhecidas antigamente.
É importante salientar, ainda, que a secreção da proctite é altamente infecciosa, e o contato com as mucosas da boca, olhos, uretra e vagina também podem levar a doença para outras localizações. Portanto, previna-se e conte com auxílio médico para se tratar.