Quando uma dor anal começa subtamente e a pessoa procura um coloproctologista, ao contrário do que muitos leigos imaginam, o médico estará mais preocupado com um abscesso perianal do que com hemorroidas em crise.
O motivo da preocupação se dá pelo fato de o abscesso ser uma doença com potencial de evoluir para um quadro grave, considerado até mesmo para uma urgência cirúrgica. Para entender melhor sobre isso, continue a leitura!
O que é abscesso perianal?
Abscessos em geral são acúmulos de pus que podem surgir em diferentes partes do corpo. Por sua vez, o abscesso perianal – também chamado de abscesso anal ou anorretal – é quando esse quadro acomete a região do ânus especificamente.
O abscesso perianal é resultado de uma infecção, e a teoria mais difundida sobre sua origem é a alguma obstrução das glândulas anais que estão presentes no canal do ânus. Essa é a chamada origem criptoglandular e que, apesar de algumas contestações, ainda é considerada a mais aceita.
Bactérias nutrem o abscesso perianal
A obstrução da saída das glândulas leva ao acúmulo da secreção produzida por elas. Esse conteúdo é altamente nutritivo para as bactérias que vivem na região e elas começam a se reproduzir e gerar uma infecção.
O organismo começa então a tentar destruir esses microrganismos, e o resultado disso é a formação de pus. E, assim, está formado o abscesso, ou seja, a concentração de secreção purulenta. E, enquanto esse conteúdo não for expelido de alguma maneira, a infecção vai ficando cada vez mais grave e disseminada.
Diagnóstico precoce é essencial
É daí que vem a preocupação dos especialistas com o diagnóstico precoce e indicação adequada do tratamento.
O mais interessante é que, diferentemente da maior parte das regiões do corpo, a nádega apresenta uma concentração grande de tecido gorduroso, o que pode acumular volumes significativos de pus sem que haja sinais evidentes de problema.
Sintomas e características do abscesso perianal
Como o principal sintoma é dor anal associada ou não à febre, além de inchaço em um lado da nádega e que começa de maneira abrupta, o paciente deve procurar ajuda imediata. É preciso que a pessoa entenda que cada caso é único, ou seja, o importante é saber que sintomas leves e de duração efêmera normalmente não são sinais da doença. Por outro lado, quando persistem, é preciso procurar um médico.
Outro fator importante é se o indivíduo apresenta alguma condição que diminui a defesa do organismo, como:
Diabetes (principalmente de difícil controle);
Consumo exagerado ou vício em álcool;
Pacientes imunossuprimidos ou em quimioterapia.
Os pacientes nessas situações têm maiores chance de desenvolver quadros mais complexos e, por isso, devem procurar precocemente avaliação médica.
Diagnóstico de abscesso anal
O diagnóstico, em sua maioria, é simples e deve ser feito por um médico especialista, inclusive de urgência, que irá realizar o exame físico cuidadosamente. São raros os casos em que há necessidade de exames complementares, mas, em caso de dúvida, algumas ferramentas muito importantes para o auxílio são:
Ressonância magnética de pelve;
Ultrassom endorretal;
Tomografia de pelve.
Quando o indivíduo chega para atendimento com quadro de infecção generalizada ou sinais de problemas associados, o médico poderá pedir também exames de sangue.
Drenagem é essencial no diagnóstico
No diagnóstico de abscesso anal, é necessário considerar uma regra muito importante na coloproctologia: “abscesso perianal diagnosticado é abscesso drenado”. Isto é, a limpeza da região é um procedimento muito necessário, feito em cirurgia.
Ao contrário dos absessos no resto do corpo, em que o uso de antibióticos e drenagem podem eventualmente esperar, no caso da região anal, pelas características anatômicas locais, não se deve esperar.
Em outras palavras, o tratamento postergado pode complicar muito a situação do paciente e dar origem a quadros graves de infecção generalizada e até gangrena.
Tratamento com coloproctologista
Nos últimos anos, estudos ajudaram no avanço de algumas condutas médicas depois que é feita a evacuação do pus na região do abscesso. Sabe-se que uma porcentagem significativa de pacientes evolui para um quadro de formação de uma ferida perto do ânus, que não cicatriza, a chamada fístula perianal.
Dessa forma, o objetivo maior do cirurgião – considerando que após a cirurgia o problema infeccioso foi controlado – é evitar a formação das fístulas.
Em um estudo publicado em 2020, foi observado que, em mais da metade dos casos, a manutenção de antibióticos por período de sete a dez dias diminuiu a chance de um paciente desenvolver fístula perianal.
Outro estudo mostrou que colocar um anteparo de drenagem, para manter o trajeto aberto por mais tempo (chamado seton ou sedenho), aumentou também a chance de o processo se resolver sem a necessidade de uma segunda cirurgia.
Portando, esses são artifícios que podem ser utilizados pelo cirurgião, para aumentar a chance de cura, apenas com um procedimento.
Atendimento deve ser o quanto antes
Agora que você compreendeu as questões relacionadas ao abscesso perianal, o mais importante para se ter em mente é que dor no ânus – principalmente persistente, associada ou não à febre – e dor na nádega são motivos para procurar um coloproctologista imediatamente.
Esperar nunca é bom e, quando o paciente recebe o diagnóstico de abscesso, o tratamento cirúrgico é necessário para aumentar a taxa de cura e minimizar a chance de complicações.
Fiquem atentos aos sinais que seu corpo dá!
Até semana que vem!