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Abscessos e fístulas perianais: qual é a relação?

Como nós trabalhamos em uma clínica referência em tratamento de fístulas perianais, era de se esperar que nos deparássemos com uma frequência alta de diagnósticos de abscessos perianais.


Entretanto, como o abscesso é, na maioria das vezes, tratado em serviços de urgências e muitos pacientes não conseguem uma consulta imediata, atendemos mais a consequência desse problema, que é justamente a fístula.


Relembre o que são abscessos perianais

Com relação ao abscesso, a infecção de uma glândula anal obstruída dá origem à formação de um acúmulo de pus, que vai crescendo e causa:

  • Dor;

  • Calor local;

  • Vermelhidão na nádega;

  • Febre em alguns casos.

Para resolver o problema, a secreção purulenta infectada deve ser extraída por meio de uma drenagem espontânea ou, de preferência, cirúrgica.


Em caso de persistência do processo infeccioso, sem a adequada abordagem, pode haver a disseminação de bactérias, causando uma morte de estruturas locais – ou seja, gangrena perineal –, o que pode levar à morte.


Relembre a formação das fístulas perianais

Infelizmente, apesar de a drenagem ser necessária para tratar abscessos perianais, ela pode levar à formação de uma comunicação entre o interior do canal anal (local do orifício da glândula e ponto inicial da infecção) e a pele da região ao redor do ânus.


Em outras palavras, essa comunicação tem um aspecto semelhante a um pequeno tubo debaixo da pele e é chamada fístula.


Os principais sintomas locais são:

Além disso, de acordo com o trajeto percorrido e o acometimento da musculatura dos esfíncteres, o tratamento das fístulas perianais, que consiste em cirurgias corretivas, nem sempre é simples.


Como abscessos podem evoluir para fístulas perianais

Cerca de 30% dos abscessos vão evoluir para a formação de fístulas perianais. Mas, com exceção daquelas causadas pelas doenças inflamatórias intestinais – como a doença de Crohn –, existem evidências de que algumas medidas podem diminuir essa ocorrência ou sua complexidade.

Confira a lista que relaciona tratamento de abscessos e fístulas perianais
Confira a lista que relaciona tratamento de abscessos e fístulas perianais

1. Drenagem precoce de abscessos perianais

Quanto mais pus estiver acumulado no abscesso, maior será a chance de que haja acometimento de estruturas nobres, destruição pela infecção e formação de trajetos complexos.


Ou seja, quanto antes o abscesso perianal for abordado, maior é a taxa de cicatrização completa e menor formação de fístulas.


2. Utilização de antibióticos no tratamento

Apesar de ser o abscesso ser considerado uma infecção, quando é drenado adequadamente, muitas vezes não é necessária a utilização de antibióticos.


Porém, existem estudos que apresentam resultados bons na completa cicatrização quando tais medicamentos são utilizados após a remoção da secreção.


3. Uso de setons de drenagem

Os pacientes querem uma rápida resolução do problema, então, quando são utilizados cadarços (seton), que são deixados no trajeto formado após a drenagem, isso pode ser frustrante.


O que é importante saber é que, muitas vezes, os cadarços permitem uma extração da secreção sem pressão, o que pode auxiliar no fechamento completo do trajeto.


4. Áreas de drenagem adequadas

Quando o orifício de extração da secreção purulenta não tem o diâmetro para a remoção eficaz de todo o conteúdo do abscesso, ele pode se reformar e agravar o quadro local.


Então, cabe ao médico se manter atualizado e realizar o tratamento de maneira adequada, além de caber ao paciente procurar ajuda o mais rápido possível.


Em outras palavras, se notar a formação de uma nodulação avermelhada perto do ânus, dolorosa e que está piorando, com ou sem febre, marquem uma consulta com um coloproctologista ou procure um serviço de urgência.


Fístulas podem ser tratadas

Lembrem-se também de que ser diagnosticado com fístula perianal não é o fim do mundo.


Cada paciente deverá ser tratado de maneira individualizada e sempre visando a preservação da função da continência anal e a cura.


Até semana que vem, pessoal!

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