Quando operamos um paciente, sempre nos deparamos com a questão: quando posso voltar a fazer atividade física após a cirurgia de intestino, reto e ânus?
Bem, a resposta mais correta é... Depende.
Isso porque são muitas variáveis:
Qual foi a cirurgia?
Qual a extensão dessa operação?
Qual a via foi utilizada?
Qual foi o local operado?
Quem é o cirurgião
Qual é a condição de saúde do paciente?
Para buscar responder essa pergunta, vamos tentar colocar regras gerais em discussão para facilitar o entendimento. Mas devemos lembrar que toda e qualquer regra tem exceções e todo indivíduo deve conversar com seu médico antes de tomar qualquer atitude, principalmente que envolva a sua recuperação.
Questões sobre atividade física após cirurgia
Primeiro, lembrem-se: repouso absoluto, NUNCA! Já pudemos abordar isso em nosso texto sobre recuperação cirúrgica. O organismo ativo é fundamental para o retorno ao equilíbrio natural.
Para facilitar a vida dos leitores, vamos dividir questões específicas da recuperação em:
Cirurgias abdominais (realizadas no intestino e reto, com acesso direto no abdome do paciente)
Cirurgias orificiais (cirurgias para doenças anais ou retais realizadas por via anal)
Cirurgias abdominais
Se fossemos tentar definir um padrão, de maneira geral, a pessoa operada por meio de uma laparotomia (grande incisão na barriga para acesso ao intestino e o reto) deveria esperar cerca de dois meses para voltar a atividade física.
A explicação para isso é que as grandes incisões são associadas a uma recuperação mais lenta e um risco aumentado de hérnias.
Vocês sabem o que é hérnia?
Hérnia é uma protusão através da parede abdominal, causada pelo enfraquecimento associado a incisão cirúrgica. Em outras palavras, é quando uma nodulação aparece na barriga no local da cicatriz da cirurgia e, geralmente, ela fica plana quando a pessoa deita e aumenta quando há qualquer esforço, como levantar ou pegar peso.
Se trata de uma área de fraqueza na cicatrização e está relacionada a:
Esforço precoce durante a recuperação
Má nutrição
Complicações pós-operatórias
Ganho de peso excessivo
Geralmente, não promovem grande risco a vida e incomodam mais pelo aspecto estético (nódulo visível na barriga) e um leve desconforto. O problema é quando um segmento intestinal entra no espaço da hérnia. Nesse caso, ele pode torcer e levar a complicações graves como obstrução e/ou perfuração intestinal.
Cirurgias minimamente invasivas
Quando a pessoa é operada por via laparoscópica ou robótica, mesmo após cirurgias de grande porte, ela normalmente costuma se sentir bem em poucos dias e como, usualmente, não há necessidade de grandes incisões, os exercícios costumam ser liberados após 30 dias.
Mas existem casos especiais:
Se houve necessidade de posicionamento de uma estomia (ostomia)
Se houve remoção de outros órgãos (útero, baço, bexiga, por exemplo)
Se a incisão para remoção da peça cirúrgica foi grande
Se houve complicação ou problemas nutricionais no pós-operatório
Nessas situações, a limitação de esforço pode ser prolongada e deve ser avaliada individualmente pelo médico assistente. O período de afastamento não deve ser definido de maneira geral.
Cirurgias orificiais
No caso de cirurgias anais, o retorno às atividades físicas está muito mais relacionado à tolerância do próprio paciente do que a necessidade de limitação de esforço.
Geralmente, respeitamos um período de quinze dias para a maioria das cirurgias, como hemorroidas, fissuras anais, fístulas simples e remoção de pequenos tumores.
Esse período promove segurança na cicatrização dos pontos e estabilização da ferida.
Liberação da atividade física após cirurgia
No caso de fístulas complexas e técnicas minimamente invasivas de hemorroidas e doença pilonidal, a liberação de atividade de visa diária é mais precoce, mas a restrição ao esforço físico deve ser mais prolongada, pois são feridas de cicatrizado mais demoradas e delicadas.
Conclusão
De toda forma, existe um papel que o paciente deve cumprir para se recuperar bem e poder voltar à atividade física.
Não basta evitar exercício para permitir uma adequada recuperação. É preciso:
Se alimentar adequadamente
Estar bem física e mentalmente
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