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Cicatrização e tratamento de fissuras anais com botox

As fissuras anais são possivelmente a principal causa que leva as pessoas às consultas coloproctológicas, uma vez que a queixa mais frequente é dor. Apesar de constantemente confundidas com hemorroidas, as fissuras são feridas que ocorrem, na maioria das vezes, região anterior ou posterior do canal anal.


Geralmente, as fissuras são mais frequentes em mulheres jovens e em homens de meia idade e as mais comuns são as idiopáticas (sem causa específica).


Pensando nisso, ao longo deste texto, você irá aprender mais sobre o tratamento delas, inclusive com toxina botulínica, mais conhecido como Botox. Acompanhe!


Cicatrização de fissuras anais

Como todas as feridas, quanto mais tempo em atividade, mais difícil é a cicatrização. Inicialmente, a fissura anal apresenta poucas características inflamatórias, e sua taxa de cicatrização é superior a 90%, mesmo sem tratamento especifico.


Porém, com o passar das semanas, ocorre um processo de fibrose (formação de cicatriz) em suas bordas, bem como inchaço na parte interna (papila hipertrófica) e externa (plicoma sentinela), o que leva a fissura a ser chamada de crônica.


Constipação é fator de risco para fissuras anais

As fissurais anais ocorrem mais frequente em pessoas constipadas e, quando se tornam crônicas, as chances de cicatrização espontânea acabam sendo menores. Ou seja, mesmo com tratamento medicamentoso, cerca de 30% dos afetados vão acabar precisando de procedimento cirúrgico para tentar corrigir o problema.

Constipação pode levar às fissuras anais crônicas
Constipação pode levar às fissuras anais crônicas

A causa específica dessa doença não é completamente conhecida, mas envolve o traumatismo da pele que recobre o canal anal, bem como excesso de contração da musculatura esfincteriana – isto é, o conjunto de estruturas que contraem e permitem que o ânus permaneça fechado e não haja escape de fezes.


Tratamento deve quebrar o “círculo vicioso”

É comum o médico encontrar um círculo vicioso nos pacientes com fissuras anais:

  • A ferida causa dor;

  • A dor faz com que a musculatura contraia e não permita a saída completa do bolo fecal;

  • As fezes retidas ficam duras e traumatizam mais ainda o canal, o que leva à persistência do problema.

Sabendo disso, o médico coloproctologista deverá propor um tratamento clínico com o objetivo de quebrar esse círculo, ou seja, por meio da redução da dor, melhora da qualidade da evacuação e promoção do relaxamento da musculatura.


Em outras palavras, a dor pode ser tratada com a utilização de analgésicos. Já a qualidade do bolo fecal pode ser beneficiada por meio da suplementação de fibras, hidratação abundante e uso racional de laxativos, conforme a prescrição médica.


Por outro lado, o relaxamento da musculatura é mais difícil de ser atingido. Como os esfíncteres são um complexo muscular, com fibras de contração voluntária e involuntária, o ideal é que haja diminuição da pressão local, sem perda da função de continência fecal.


Contração excessiva é um problema

Mas por que a contração excessiva e constante da musculatura anal é fator importante para manter a fissura anal?


Para que haja fechamento de qualquer lesão, é preciso haver circulação local de sangue e, assim, células e fatores relacionados a coagulação, inflamação e deposição de colágeno podem atingir a região necessária.


Entretanto, quando há excesso de pressão, o fluxo sanguíneo fica prejudicado, e o machucado não fecha.


Medicamentos para relaxar a musculatura

Seguindo essa ideia, o médico prescrever medicações de ação local, que irão relaxar a musculatura involuntária do canal anal, diminuindo a hipertonia (o excesso de tônus), mas mantendo a capacidade de contração, quando necessária.


As drogas mais comumente usadas são cremes manipulados, com bloqueadores de canais de cálcio, e medicações vasodilatadoras, que são utilizados por períodos de dois a seis meses.


O maior problema é a aderência do paciente ao tratamento. Como os cremes têm que ser aplicados na ferida de 2 a 4 vezes ao dia e podem causar efeitos colaterais como dores de cabeça e ardor local, muitos indivíduos não conseguem manter a aplicação de maneira e tempo adequados. Isto é, a cicatrização torna-se mais difícil.


Tratamento de fissurais anais com botox

Para os pacientes que desejam uma alternativa a esse tratamento com medicamentos e não querem ser submetidos à uma cirurgia, há a possibilidade de utilizar a toxina botulínica (botox) para tratar as fissuras anais.


A toxina botulínica tem a função de causar a paralisia temporária da contração do músculo em que é injetada, o que permite a função de relaxamento temporário e com apenas uma aplicação.


Um estudo publicado em 2018 comparou os resultados da taxa de cicatrização de feridas com o tratamento feito com bloqueadores de canal de cálcio e com o tratamento de fissuras anais com botox. A conclusão foi a de que não houve efeitos adversos significativos em ambas as terapias.


Todo tratamento precisa ser individualizado

É importante ressaltar que a toxina botulínica deve ser aplicada por um médico especialista, visto que, se aplicada no músculo errado, ela poderá levar a sintomas de incontinência que, mesmo temporários, podem piorar a qualidade de vida da pessoa afetada.


Além disto, há a possibilidade de desconforto local durante a aplicação, sendo assim, é possível realizar o procedimento com ou sem uso de sedação, assistida por médico anestesiologista.


Por se tratar de uma opção com baixos riscos, taxas adequadas de sucesso e custo moderado, o tratamento de fissuras anais com botox torna-se um aliado na abordagem dos indivíduos com esse quadro crônico, antes de pensar em procedimentos cirúrgicos.


Boa semana a todos!

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