Em se tratando cirurgia de hemorroida, há muita dúvida sobre como deve ser a evolução pós-cirúrgica e as possíveis complicações. É muito comum que o paciente pergunte como será a vida após o procedimento.
Como cada caso é único, a recuperação é uma experiência individual, sendo mais simples e rápida para uns, e mais lenta e sofrida para outros.
Entretanto, alguns elementos da evolução da cirurgia de hemorroida são típicos e podem ser separados em normais, consequências e complicações. Por isso, é importante saber o que cada um deles significa.
Normal: é o que deve acontecer no curso usual, após um procedimento.
Consequência: é aquilo que é esperado na evolução e que pode alterar a vida do indivíduo.
Complicação: desfecho desfavorável no acompanhamento pós-operatório.
O que é normal após a cirurgia de hemorroida
Como vimos em nosso post sobre como ter um pós-operatório adequado, a dor é uma evolução comum e esperada em todos os casos, bem como pequenas quantidades de sangue, pus ou secreções que escorrem após a evacuação ou sujam as roupas íntimas.
Não existe período definido para a cicatrização completa, mas usualmente em até 45 dias a grande maioria das pessoas já não tem mais sintomas relacionados à cirurgia.
Além disso, o processo evacuatório também já deve estar próximo àquele que era observado na vida anterior do paciente.
Consequências da hemorroidectomia
A vida muda após a cirurgia de hemorroida e, em sua maioria, para melhor. É muito raro ouvir falar de um paciente operado – por especialista e com indicação adequada – que esteja arrependido.
Estudos mostram que a taxa de resolução dos procedimentos para tratamento da doença hemorroidária é maior que 85%, sendo consideradas aqui as diversas técnicas cirúrgicas realizadas em regime hospitalar.
Agora, vamos discutir aqui sobre aquilo que pode acontecer e que, às vezes, pode ser percebido como complicação e não é.
Diâmetro menor do bolo fecal
Primeiro, podemos mencionar o diâmetro mais fino do bolo fecal, que está associado à contração exagerada e involuntária da musculatura do canal anal.
Muito comum nos jovens e, principalmente, nos homens que tem os esfíncteres mais robustos, esse problema costuma passar com o tempo, especialmente quando a dor cessa. O paciente deve ser orientado e, algumas vezes, pode recorrer a medicações relaxantes e analgésicas prescritas pelo coloproctologista.
Marcas na roupa íntima
Pequenas quantidades de sujidades na roupa íntima também são consequências. Como as hemorroidas ocupam espaço no canal anal – parecidos com “travesseiros” –, sua remoção faz com que o paciente tenha a necessidade de contrair mais os esfíncteres para fechar o ânus.
No começo após a cirurgia, a pessoa pode experimentar perdas de conteúdo fecal, mas que são transitórias e não indicam sinais de incontinência verdadeira.
Adaptação nas relações sexuais
Outra consequência da cirurgia de hemorroida é a possível falta de sensação de prazer durante a relação sexual anal. Toda cirurgia deixa cicatrizes que nunca são tão resistentes quanto a pele íntegra.
A relação sexual anal exige relaxamento e envolve atrito, o que força a área operada e pode ser desconfortável. É extremamente importante que o paciente que mantém relações sexuais anais seja bem orientado sobre essa consequência, pois pode ser bastante impactante na qualidade de vida.
Complicações comuns da cirurgia de hemorroida
As complicações das cirurgias de hemorroidas são raras, principalmente quando realizadas por médicos especialistas. As mais temidas são:
Sangramento;
Infecções;
Estreitamento do ânus;
Incontinência fecal.
A frequência que tais complicações ocorrem é em torno de 3% dos casos, consideradas todas as técnicas cirúrgicas. A seguir, vamos explicá-las melhor.
Sangramento após cirurgia de hemorroida
O sangramento pode ser precoce ou tardio, sendo o primeiro associado a vasos sanguíneos que não coagularam adequadamente. Já o último ocorre quando a “casquinha” da ferida cai (entre 5 e 10 dias).
As maneiras de se evitar essa complicação são:
Uso de técnica cirúrgica cuidadosa;
Controle adequado da evacuação;
Repouso após o procedimento (não fazer esforço);
Uso de compressas de gelo local.
Infecções
As infecções em que opera de hemorroida são muito raras e estão mais relacionados a questões como condição de imunidade do paciente, doenças que diminuem a resistência como diabetes descontrolado, portadores de câncer e HIV sem tratamento.
O adequado preparo cirúrgico dos pacientes permite controle desses problemas.
Estreitamento anal
O estreitamento do ânus geralmente ocorre em situações como:
Pessoas operadas em caráter de urgência;
Casos de hemorroidas grandes;
Pacientes já operados previamente no mesmo local;
Falta de especialização de cirurgiões.
Incontinência fecal
A incontinência fecal é uma complicação raríssima da cirurgia de hemorroida. Como se trata de um procedimento que não envolve abordagem dos músculos de controle voluntário do ânus, só observamos isso quando a operação encontrou dificuldades técnicas.
Cirurgia deve ser bem indicada
Para concluir, a primeira coisa a ser observada é o porquê da cirurgia de hemorroida.
Quando ela é bem indicada e o paciente está consciente de seu quadro, a chance de sucesso é muito grande.
A segunda questão é que o paciente pergunte sobre tudo, ou seja, não vá para o bloco cirúrgico com dúvidas.
E, por fim, não invente: siga as orientações do seu médico! Vai dar tudo certo!
Saúde a todos!