Considerando custo e benefício, vale a pena fazer a cirurgia de intestino por via robótica e laparoscópica? Quando começamos nossa prática em coloproctologia, há quase 20 anos, a abordagem padrão para cirurgia de intestino ainda era aberta e apenas alguns cirurgiões se aventuravam a fazer operações por videolaparoscopia. Hoje, essa é a principal via de acesso utilizada e a discussão atual é sobre a viabilidade do uso do robô.
A gestão de custos de uma cirurgia é extremamente pertinente nos dias de hoje e cada vez mais a inserção de novas tecnologias pode encarecer os procedimentos, a ponto de se tornarem impraticáveis.
Cirurgia de intestino: custo x preço para o consumidor
Para que todos entendam, não é a mesma coisa discutir o custo de uma cirurgia e o preço pago pelo paciente. Então, vamos organizar esses conceitos de maneira simplificada para ajudar na nossa discussão.
Custo de uma cirurgia de intestino
O custo é a quantidade em moeda corrente que é gasta para se utilizar determinada tecnologia em um paciente. Em outras palavras, isso inclui:
Despesas e gastos hospitalares
Preço da aparelhagem utilizada
Tempo de utilização do leito
Preço ao consumidor de uma cirurgia de intestino
Já o preço ao consumidor é a quantidade em moeda corrente desembolsada pelo paciente para receber determinado tratamento, o que inclui:
O custo da cirurgia (mencionado acima)
As margens de lucro aplicadas pelas instituições financeiras
Honorários médicos
Como a maioria da população brasileira tem acesso apenas ao Sistema Único de Saúde (SUS) ou possuem acesso a convênios via operadoras de saúde suplementar, muitos não pagam diretamente quando vão ser submetidos a procedimentos e, portanto, não têm conhecimento sobre essa questão de custo-benefício da cirurgia de intestino.
O que é importante saber?
Esse assunto é superimportante, sabem por quê?
Quanto mais uma tecnologia mostra que é custo/efetiva:
Maior a chance dela ser incorporada ao SUS ou às operadoras de saúde.
Melhor o resultado do tratamento empregado frente ao valor pago pelo paciente, o que gera valor ao tratamento.
Cirurgias de intestino robótica e laparoscópica valem a pena?
Voltando à pergunta do título… A resposta é SIM!
Em um estudo publicado em 2023, os pesquisadores avaliaram tudo que havia na literatura médica sobre a relação custo-efetividade das cirurgias minimamente invasivas e encontraram que, apesar das cirurgias realizadas por via laparoscópicas ou robóticas serem mais caras – devido ao uso de tecnologias e materiais mais avançados –, o ganho com menor tempo de internação, taxa de complicações as tornava superiores.
Particularidade da cirurgia robótica de intestino
A tecnologia robótica tem que ser analisada separadamente. Por se tratar de uma plataforma introduzida recentemente, ela ainda não foi incorporada pela maioria das operadoras de saúde, o que gera cobranças adicionais complementares aos pacientes e, consequentemente, pode torná-la inacessível a muitos.
Mas as outras abordagens ainda valem a pena?
Claro! A cirurgia robótica representa um avanço, mas isso não torna as outras modalidades de tratamento ruins. Isto é, o importante é o médico não indicar mal um procedimento.
O que consideramos o mais sensato com relação a esse assunto é apresentar o que há de conhecimento sobre cada opção de tratamento, com suas vantagens e desvantagens. Então, médico e paciente, juntos, tentarão chegar na melhor opção para cada caso, sem perder a qualidade.
Boa semana, pessoal!