O medo é real. Não há paciente que chegue no consultório do coloproctologista e relate que está tranquilo com a indicação de cirurgia no ânus. Todos querem saber se o procedimento dói, e é frequente encontrar pessoas que adiam por anos uma avaliação clínica por receio do que o médico vai propor.
Antes de respondermos a pergunta título, é importante ressaltar alguns fatos sobre a cirurgia no ânus.
Entenda estes pontos sobre cirurgia no ânus
Quando um médico indica uma cirurgia, é de se esperar que haja um problema detectado e, portanto, se almeja a cura, a melhora da condição de saúde e/ou qualidade de vida da pessoa.
O ânus é uma estrutura de extrema importância e não é possível fazer repouso de sua atuação como opção para haver uma melhor cicatrização.
A região perianal é colonizada por uma vasta população de microrganismos que aumentam a chance de inflamação e, consequentemente, mais dor no pós-operatório.
Fezes entrarão em contato direto com a ferida, sendo extremamente irritativas e geram aumento de desconforto e atrapalham a cicatrização.
Então, a cirurgia no ânus dói?
Considerando todos os fatos, há como ter cirurgias anais sem dor? Sim!
Hoje, as técnicas e tecnologias melhoraram muito e conseguimos fazer as mesmas cirurgias de antes com:
Incisões menores
Menor dano às estruturas anatômicas
Uso de medicações mais potentes para controlar a dor
Quanto maiores as incisões na pele perto do ânus e maiores as remoções de pele e estruturas locais, geralmente observamos maior sofrimento no pós-operatório. Isso se deve à grande quantidade de terminações nervosas responsáveis pela sensibilidade dolorosa local.
Cirurgias minimamente invasivas no ânus
Devido a essas questões, sempre fomos defensores das cirurgias minimamente invasivas, quando trocamos um cautério elétrico pelo laser, por exemplo, ou optamos por não remover todo o mamilo hemorroidário e, sim, realizar uma ligadura elástica ou um THD – isso permite diminuir significativamente a extensão do dano cirúrgico local e, consequentemente, a dor.
Aqui no blog, você encontra textos específicos sobre essas técnicas que mencionei.
Dor é algo individual
Quem trabalha com cirurgias orificiais sabe que cada paciente tem uma experiência diferente com relação à dor. Ainda que apliquemos todos os esforços para obter uma recuperação cirúrgica sem sofrimento, isso nem sempre é possível.
Algumas técnicas não estão indicadas em alguns pacientes, e a experiência de desconforto é própria de cada um. Em outras palavras, podemos operar duas pessoas do mesmo problema, do mesmo jeito, e um paciente não sentir nada, enquanto o outro relata que sofreu demais.
O que podemos dizer é que se já direcionamos nossos esforços para que o paciente tenha menos dor, com certeza conseguiremos melhor resultado do que com se o mesmo indivíduo fosse submetido a técnicas convencionais.
Lembre-se: indicação cirúrgica correta é tudo
Já pudemos, nas últimas semanas, discutir sobre estética em cirurgia, inclusive anal e abdominal. É obvio que quanto menor o procedimento e mais simples a doença, menor será a dor – claro, se não houver complicações.
Tipos de cirurgia no ânus mais dolorosas
De toda forma, algumas cirurgias doem mais do que outras, então, para facilitar o entendimento, vamos colocar aqui em ordem decrescente (do mais doloroso para o menos doloroso), os procedimentos mais comuns em coloproctologia.
Essa ordem é baseada em observações clínicas e impressões do próprio autor em sua prática diária e não fazem parte de dados de estudos científicos.
E lembre-se de que a cirurgia em si não é dolorosa, uma vez que o paciente está devidamente anestesiado durante o procedimento.
Hemorroida (técnica convencional)
Fissura anal (técnica convencional)
Fistula (técnica convencional)
Fissura (laser)
Hemorroida (THD)
Fistula (retalho, LIFT)
Fístula (Vaaft)
Fissura (laser e Botox)
Hemorroida (Laser)
Fístula (Laser)
Hemorroida (ligadura elástica)
Mais conteúdos sobre cirurgias e doenças anais podem ser lidos aqui no blog.
Conclusão
É indiscutível que as evoluções técnicas, medicações modernas e experiência profissional contribuem muito para um pós-operatório de boa qualidade e sem sofrimento, mas é importante uma relação médico-paciente honesta. Isso fará toda a diferença para que falsas expectativas não surjam e prejudiquem a evolução após o procedimento.
Honestidade é fundamental!
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