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Colonoscopia: saiba quando o exame pode se tornar uma cirurgia

A colonoscopia foi um dos principais atrativos para eu me tornar coloproctologista. Sou fascinado por esse exame, que tem um papel fundamental na prevenção, identificação e tratamento das doenças do intestino.


Quando converso com os pacientes e menciono a necessidade de realizar esse procedimento, muitos demonstram que já ouviram falar do que se trata e já se colocam na defensiva:

  • “Me falaram que o preparo é horrível!”

  • “E o risco de perfurar o intestino?”

  • “Quem procura demais, acha.”

Bom, realmente, para muitas pessoas, o processo de realizar uma colonoscopia talvez não seja uma das experiências mais agradáveis. Mas, como já mencionei em posts anteriores, a colonoscopia salva vidas.


Isso porque é um exame que atua na prevenção ao câncer de intestino, tratamento de lesões intestinais, além de ajudar o médico a identificar e classificar doenças e suas complicações.


Entenda a colonoscopia como tratamento

Existe uma questão importante sobre a colonoscopia que eu gostaria de explicar para vocês. É para podermos refletir sobre o papel desse exame e quando ele deixa de ser uma ferramenta diagnóstica e passa a ter um papel de tratamento.


A maioria das pessoas que se prepara para uma colonoscopia passa por uma preparação que não é fácil. É preciso fazer uso de laxativos e dietas especiais, que visam, literalmente, lavar todo o cólon.


Esse cuidadoso preparo para a colonoscopia permite que seja feita a filmagem de toda a sua superfície intestinal, bem como favorece a qualidade das imagens. A qualidade do exame de colonoscopia é fundamental para o diagnóstico e prevenção de doenças e problemas do intestino.


O que o médico espera da colonoscopia

Após esse processo árduo de limpeza, tenho a certeza de que grande parte das pessoas sai de casa pensando: “daqui a pouco isso tudo acaba e vou poder comer de novo. Ufa”.


Isso é natural, já que todo o receio acaba ali, pois o paciente saiu de casa para realizar um EXAME.

A colonoscopia pode ser mais que um exame, pode ser uma cirurgia
A colonoscopia pode ser mais que um exame, pode ser uma cirurgia

Todavia, o médico que está avaliando o intestino sabe que, algumas vezes, encontramos doenças que são de tratamento endoscópico. Em outras palavras, tecnicamente, a partir desse momento, estamos realizando um procedimento cirúrgico.


Quando a colonoscopia vira cirurgia

Muitos podem não entender bem a diferença entre uma colonoscopia como exame ou como cirurgia.


Por isso, este texto tem como objetivo informar você que, quando o examinador recua e decide repetir a colonoscopia com maior disponibilidade de equipamentos, melhor orientação do paciente e seus familiares, o médico está pensando na sua segurança.


Não tem muito tempo que encontrei em minha clínica um caso assim. Uma pessoa foi me procurar para tratar uma lesão que não havia sido abordada de uma vez por um colega da coloproctologia.


Fui olhar o laudo do exame e vi que se tratava de um pólipo grande, com alto risco de perfuração e que, possivelmente, tinha riscos de ser um câncer inicial.


Conversei longamente com a pessoa e expliquei que a conduta do colega estava correta, porque uma série de fatores precisavam ser adequadamente resolvidos, antes de se realizar a tentativa de tratamento endoscópico.


O que faz a colonoscopia virar uma cirurgia

Vou listar alguns fatores que devem ser considerados para exame de colonoscopia virar ou não uma cirurgia.

  1. É vital que todos os equipamentos necessários para o tratamento de um problema complexo estejam disponíveis, mas isso nem sempre é o caso.

  2. Em caso de complicações, toda a equipe precisa estar preparada para tratá-las.

  3. O paciente nem sempre sai de casa entendendo que pode ser submetido a uma cirurgia, assim como seus familiares, que podem não estar devidamente conscientes do que isso representa.

Para resumir, o procedimento de colonoscopia diagnóstica é diferente da abordagem terapêutica, assim como o tempo, os materiais e a equipe. Além do mais, o próprio indivíduo tem que estar preparado para tal, e isso não pode ser negligenciado.


Conte com um médico de confiança

Fica a dica: nas mãos de um profissional competente, os riscos são baixos, mas mesmo assim, prudência nunca é demais.


Pensem nisso e, quando um médico recua de certas decisões, na maioria das vezes, é para não haver complicações inadvertidas.


Excelente semana a todos!

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