A ideia do post desta semana veio de uma paciente que havia operado de um problema intestinal. A dúvida sobre como fica o intestino depois da cirurgia intestinal é muito comum entre as pessoas.
Observei que várias modificações do hábito evacuatório dessa paciente poderiam estar relacionadas com a cirurgia a qual ela havia sido submetida, mas nem todas as alterações.
Então, se você deseja saber como seu intestino vai ficar após uma cirurgia, ou se você já operou e quer saber um pouco mais sobre o assunto, vamos juntos a partir de agora!
Como é a cirurgia de intestino?
Neste texto, vamos considerar como cirurgia de intestino os procedimentos que envolvem a remoção de parte ou a totalidade de um segmento intestinal.
Para exemplificar, como vimos no nosso post sobre endometriose intestinal, podemos remover apenas um fragmento da parede intestinal (ressecção em disco) ou um cilindro que representa toda a circunferência do órgão (ressecção segmentar).
Vale ressaltar que a ressecção segmentar pode ser mais ou menos extensa, de acordo com o tipo de doença e a área acometida pela doença.
Existe cirurgia que remove todo o intestino?
Sim, existe no caso do intestino grosso. Isso é mais especificamente relativo aos pacientes acometidos por doenças inflamatórias intestinais como a retocolite ulcerativa grave, que não responde a nenhum tratamento.
O mesmo pode ocorrer também com as pessoas com síndromes genéticas que aumentam a chance de câncer, como a polipose adenomatosa familiar. Quando algum indivíduo tem esse tipo de polipose, fatalmente vai desenvolver um câncer de intestino.
Portanto, a remoção de todo o cólon e reto está indicada antes que isto aconteça.
Mas como fica o funcionamento do intestino pós-cirurgia?
Voltando ao tema da semana, se meu intestino será ou foi operado, quais seriam as consequências para a vida? Bem, a resposta para esta pergunta é: depende…
Abaixo vamos listar algumas considerações. Acompanhe!
Tamanho é documento
Quanto maior é a porção intestinal removida, independente de sua localização, maior será a repercussão no hábito intestinal.
Em outras palavras, segmentos curtos geralmente alteram minimamente a frequência e a consistência das evacuações. Por outro lado, quando extensões maiores que metade do cólon são ressecadas, geralmente a pessoa irá sentir que o bolo fecal ficará mais amolecido e as dejeções mais frequentes.
Localização é tudo
Talvez o aspecto que mais influencie as características do hábito intestinal seja o ponto do intestino que foi abordado no procedimento.
Toda vez em que um “pedaço” do cólon ou reto for removido, a inervação que leva o impulso propulsivo para o bolo fecal e a musculatura intestinal são seccionadas.
Isso gera uma interrupção no processo de trânsito intestinal e, quanto mais distante do ânus isso ocorrer, melhor para que o restante do trajeto consiga recompor a fisiologia natural do deslocamento das fezes.
Então, quanto mais próximo do ânus for a cirurgia, mais alterada será a evacuação, a ponto de alguns pacientes queixarem do que os médicos chamam de síndrome da ressecção anterior do reto.
Estamos falando de um processo comum aos indivíduos submetidos à cirurgia de remoção de parte ou a totalidade do reto:
Sensação de evacuação incompleta;
Vontade de evacuar várias vezes seguidas;
Desconforto pélvico;
Sensação urgente de ir ao banheiro durante o dia.
A remoção total do segmento é diferente da parcial?
Sim, quando a retirada do intestino for de parte da circunferência e não de sua totalidade, a chance de complicações cirúrgicas é menor, além de parte da inervação e da musculatura da parede intestinal ajudarem a manter a função fisiológica (normal) do intestino.
Outros fatores que influenciam o funcionamento do intestino
Muitas vezes, não é só a operação que influencia o funcionamento do cólon. Outros fatores estão relacionados, como:
Realização de radioterapia;
Tratamento de quimioterapia;
Estado nutricional;
Uso de antibióticos.
É claro que tudo o que falamos aqui sobre como fica o funcionamento do intestino depois da cirurgia intestinal são consequências de um procedimento, antes de tudo, bem indicado e realizado na região doente do órgão.
Infelizmente, não é possível escolher a área a ser removida para que o paciente sofra menos. Mas é importante ressaltar que as técnicas cirúrgicas e o acompanhamento pós-operatório estão evoluindo cada vez mais, de maneira a ajudar a minimizar essas alterações.
Esperamos que esse texto tenha te ajudado a tirar algumas de suas dúvidas, desejamos um excelente Natal a todos e até semana que vem!