Diverticulite é um assunto que assusta muita gente, e temos observado a incidência cada vez maior de jovens e inflamações recorrentes. Hoje, vamos abordar um pouco sobre o caso de pacientes que começam a ter crises frequentes e, assim, tiveram grande impacto na qualidade de vida.
Nunca em toda minha história profissional, tratei e operei tantos pacientes com quadro de diverticulite. Desde crises simples que pudemos tratar clinicamente, até crises graves com necessidade de cirurgia de urgência, algo que era raro e agora está fazendo parte do nosso dia a dia.
Afinal de contas, o que é diverticulite?
Diverticulite é uma inflamação associada, ou não, a infecção de pequenos sacos que se formam na parede do intestino, chamados divertículos. Esses locais são pontos de fraqueza e, quando inflamam, podem evoluir com melhora espontânea ou, por outro lado, com complicações, como a coleção de pus ou até a perfuração do cólon.
Para saber mais sobre o que é esta doença, entre clique aqui para acessar nosso post específico sobre o tema.
O que é diverticulite recorrente ou de repetição?
Diverticulite recorrente, ou de repetição, são aqueles quadros em que os processos inflamatórios/infecciosos começam a acontecer em curtos intervalos de tempo – em algumas pessoas, logo após o tratamento com antibiótico, o problema retorna.
Cerca de 20 a 30% das pessoas são diagnosticadas com divertículos no intestino e a grande maioria delas não vai sentir nada a vida toda, mas alguns têm inflamação (aproximadamente 25%).
O processo pode ser um episódio único, mas um quarto dos indivíduos experimenta novos quadros semelhantes no decorrer do tempo.
Por que diverticulite é comum em jovens?
A grande dúvida do momento: Por que pessoas cada vez mais jovens e quadros cada vez mais frequentes de diverticulite têm aparecido no nosso cotidiano?
A resposta pode estar mais perto do que pensamos… Na nossa rotina!
Em outras palavras, já sabemos que cerca de 60% das crises de inflamação dos divertículos intestinais estão relacionados a fatores ambientais. E o ambiente em que estamos inseridos nunca foi tão opressivo.
Como assim, fatores ambientais?
Seja por estresses da vida em sociedade, das cobranças do trabalho, dos aspectos econômicos e até da presença massiva das redes sociais, que mostram uma realidade aparentemente tão perfeita, deixam nosso cotidiano triste e depressivo.
De toda forma, quando falamos em “ambiente”, também devemos abordar o marketing maciço da indústria alimentícia sobre o consumo de produtos industrializados e ultraprocessados, o que também é fator associado importante na inflamação do intestino.
Fatores de risco da diverticulite
Agora que entendemos um pouco mais do problema, vamos abordar os fatores de risco que aumentam a chance de ter diverticulite.
1. Idade avançada
A idade é um fator de risco para a diverticulite, e a incidência aumenta com a idade.
2. Dieta pobre em fibras
Uma dieta rica em fibras pode ajudar a prevenir a formação de divertículos e reduzir o risco de diverticulite. A falta de fibras na dieta pode levar a uma maior pressão dentro do cólon, o que pode causar a formação de divertículos. Para saber mais sobre o efeito protetivo das fibras, clique aqui para ler um texto específico.
3. Obesidade
A obesidade pode aumentar o risco de diverticulite recorrente. O excesso de peso pode colocar pressão adicional no cólon, o que pode levar à formação de divertículos.
4. Tabagismo
O tabagismo pode danificar o revestimento do cólon e aumentar o risco de formação de divertículos.
5. Genética
A história familiar de diverticulite pode aumentar o risco de desenvolver a condição.
6. Imunossupressão
Pessoas com sistema imunológico comprometido podem ter um risco maior de diverticulite recorrente.
7. Excesso de anti-inflamatórios
O uso prolongado de medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) pode aumentar o risco de sangramento gastrointestinal e inflamação do cólon, o que pode levar à formação de divertículos e suas complicações.
O emocional aumenta as chances de diverticulite?
Como falei de estresse logo acima, será que o emocional pode aumentar a chance dos divertículos inflamarem?
Aparentemente, sim. Além de observarmos que em períodos de crise econômica, de saúde ou política, diagnosticamos mais pessoas com complicações relacionadas à doença diverticular, existem estudos publicados em que foi documentado maior atividade do sistema simpático durante períodos de estresse.
O estresse pode induzir ao espasmo da parede do cólon que aumenta a pressão no interior do intestino com formação de novos divertículos e sua inflamação.
Quem tem diverticulite recorrente tem que operar?
Não, a maioria das pessoas tem períodos da vida em que as crises de diverticulite são mais frequentes, mas depois isso para de acontecer.
O importante é ter um coloproctologista que acompanhe o paciente ao longo do tempo para que os riscos da doença e possíveis benefícios de um procedimento cirúrgico possam ser pesados e auxiliem na decisão da melhor abordagem.
Em nosso blog, existe um texto abordando justamente os quadros em que a cirurgia está indicada: para saber mais, clique aqui.
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