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Endometriose pélvica: como impacta a qualidade de vida das mulheres?

O que é qualidade de vida? Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), qualidade de vida é “a percepção do indivíduo de sua inserção na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.


Então, quando falamos em perda de qualidade de vida estamos discutindo o impacto de uma condição, como a endometriose, na própria vida, seja com a própria pessoa ou também com relação à sociedade em que vive.


Atendimento para endometriose

Na prática diária de nossa clínica, fazemos parte de um grupo multidisciplinar de saúde da mulher, predominantemente voltado para o tratamento da endometriose e dor pélvica.


Com isso, temos observado como o sofrimento causado por essa doença tem levado pacientes a:

  • Depressão;

  • Retração social;

  • Perda de posição no ambiente social;

  • Impactos profissionais e afetivos;

Mas essa observação era predominantemente subjetiva e baseada muito mais na nossa percepção do que efetivamente em dados de um estudo.


Assim, foi a vez de buscarmos na ciência se havia uma correlação entre o que imaginávamos e aquilo que poderia ser realmente objetivo e mensurável. Encontramos dois artigos interessantes, publicados em revistas médicas internacionais, sendo um de origem polonesa e outro brasileiro, ambos publicados em 2020.


Será que o artigo polonês e o brasileiro falaram em relação entre endometriose e os impactos na qualidade de vida?

Com certeza!


Endometriose pélvica e os impactos na vida

A dor, a limitação funcional e os impactos nas relações sociais e pessoais são questões conhecidas.

Mulheres com endometriose pélvica costumam sofrer com dores fortes
Mulheres com endometriose pélvica costumam sofrer com dores fortes

Mas quando discutimos a abordagem humanizada da mulher acometida por dor pélvica e outros sintomas relacionados à endometriose, é importante entender que nem só a correlação entre lesão e sintoma explica tudo.


Estudos sobre endometriose pélvica

O estudo polonês concluiu que as mulheres que sofriam de dor pélvica, bem como dor na relação sexual e durante a evacuação fecal, associadas à endometriose, apresentavam maior incidência de depressão.


Além disso, quanto maior a intensidade do sintoma, maior o risco do impacto à saúde mental.


Endometriose e infertilidade

Outro resultado interessante da pesquisa é o fato de a gravidade da doença ter influência na chance de engravidar. Isto é, os estágios mais avançados de endometriose apresentam maior relação com infertilidade, mas os pesquisadores não encontraram essa correlação com a chance de a mulher apresentar depressão.


Esse dado é muito interessante porque, em uma avaliação racional, era de se esperar que quanto mais grave fosse a doença, pior seriam os sintomas e, consequentemente, a apresentação de sintomas psiquiátricos relacionados, o que não é verdade.


Gravidade e sintoma da endometriose

Quando acompanhamos as pacientes por períodos mais longos, observamos que não é apenas a gravidade da endometriose que determina o sintoma da doença.


Essa foi a conclusão do estudo brasileiro, que também teve achados semelhantes sobre a influência do grau de classificação da endometriose e as relações com a qualidade de vida.


Os pesquisadores identificaram que as mulheres com mais sintomas sofriam muito mais, mas essa observação não teve correlação com a gravidade da doença.


É por isso que cada mulher com endometriose pélvica deve ser avaliada de maneira individualizada e devem ser levados em conta seus anseios, sofrimentos e riscos associados à evolução da doença e ao tratamento.


Tratamentos para endometriose pélvica

Vimos em textos anteriores que a cirurgia de endometriose pode aumentar a chance de engravidar, assim como tratar efetivamente a dor, mas ela não é isenta de riscos e consequências.


Também já vimos que o tratamento hormonal pode ser efetivo para melhora da dor e dos sintomas pélvicos, mas não permite a gravidez e pode incorrer em outros problemas, como efeitos adversos a longo prazo.


Assim, podemos chegar à conclusão de que não existe receita de bolo no tratamento da endometriose pélvica. A abordagem cautelosa, ouvindo todos os envolvidos e baseando a conduta nas informações de qualidade, geralmente é o que leva aos melhores resultados.


Vocês não estão sozinhas!

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