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Fístula perianal: 7 coisas que você deve saber ANTES de operar

Nesta semana vamos tratar de um tema mais específico, mas que surge com uma frequência muito grande na nossa clínica: a fístula perianal, principalmente as fístulas de trajeto complexo.


Como sempre mencionamos aqui no blog, a avaliação e o tratamento adequados dessa doença podem determinar muito o sucesso terapêutico.


Por isso, gostaria de levantar alguns pontos muito importantes sobre o que os pacientes deveriam saber, antes de operar a fístula perianal, uma vez que procedimentos cirúrgicos podem mudar a vida de alguém – para melhor, mas, também, para pior.


Relembre o que é fístula perianal

Só para relembrar, fístula perianal é a comunicação inflamatória anômala entre a parte interna do ânus e a pele da região perianal.


Ela é decorrente, em sua maioria, da infecção das glândulas anais que estão dentro do canal anal que formam um abscesso. Este, posteriormente, expulsa essa secreção por meio da pele da região da nádega.


Se você quiser saber um pouco mais sobre o que são as fístulas perianais, bem como sobre o diagnóstico e o tratamento dessa doença, recomendamos os seguintes textos:

7 coisas para saber antes de operar a fístula

O nosso objetivo a seguir é falar sobre os aspectos que devem ser conhecidos pelos pacientes, antes que sejam submetidos ao procedimento cirúrgico. Confira sete dicas para se ficar atento!


1. Estudo do caso de cada paciente

Devemos lembrar que o tempo está ao seu lado no caso das fístulas perianais. Isto é, achar que ir logo para a cirurgia é o caminho para “resolver tudo logo”, no caso das fístulas, pode ser uma atitude impetuosa que leva a tratamentos inadequados.


A fístula é como um canudo que liga o canal do ânus até a pele, todavia, saber as características do trajeto faz toda a diferença. Por exemplo:

  • Ele tem mais de um orifício de entrada ou saída?

  • Há alguma coleção de pus em sua extensão?

  • Músculos responsáveis pela continência fecal estão envolvidos?

As respostas a essas questões vão determinar o melhor procedimento a ser escolhido.


Entenda o histórico do paciente com fístula perianal

Outro fator a ser considerado antes da cirurgia é conhecer a história da pessoa afetada. Por exemplo:

  • Quantas vezes o problema inflamou?

  • O paciente já fez cirurgia no local antes?

  • Essa pessoa já se teve doenças inflamatórias do intestino?

  • Houve algum trauma (machucado local)?

2. Corte dos músculos responsáveis pela continência fecal

Esse é um ALERTA VERMELHO sobre as fístulas.


Quando a fístula tem em sua extensão o envolvimento da musculatura esfincteriana externa – responsável pela contração do ânus para conseguirmos segurar a vontade de evacuar –, ela é considerada complexa e deve ser tratada como tal.


O corte desses grupos musculares pode ser responsável por incontinência pós-operatória. Antigamente, algumas técnicas cirúrgicas se utilizavam esse artifício com o intuito de cicatrizar a inflamação, mas hoje isso não é aceitável.


Abordagens preservadoras do esfíncter têm tomado espaço, com taxas mais baixas de incontinência. Por outro lado, são mais trabalhosas e, às vezes, exigem mais de uma operação para corrigir o problema.


Portanto, converse bem com seu médico e entenda como será o seu tratamento.


3. Cirurgia de fístulas complexas

O sucesso do procedimento também depende de você! Quem pensa que é só operar que a fístula vai cicatrizar, muito se engana.


Mesmo as melhores estatísticas de cicatrização não ultrapassam 80% de sucesso nos casos mais complexos. Se o paciente não participa do processo de recuperação e cicatrização, aí a falha é certa.


Para a boa evolução após a operação de fístula perianal, é fundamental para o paciente:

  • Estar bem nutrido;

  • Estar evacuando bem;

  • Ter eventuais doenças (doença de Crohn, diabetes, HIV, hipertensão e hipotireoidismo) controladas.

A boa nutrição é fundamental no tratamento das doenças anais, como a fístula perianal
A boa nutrição é fundamental no tratamento das doenças anais, como a fístula perianal

Cada técnica cirúrgica tem peculiaridades que devem ser observadas pelo paciente após o procedimento, então, perguntem e peçam orientação médica ANTES de operar.


4. Fístula inflamada não cicatriza bem

Quanto maior for o processo inflamatório, maior será a chance de insucesso no tratamento definitivo de uma fístula complexa.


Sendo assim, às vezes o cirurgião opta por realizar drenagens mais amplas e colocação de seton (cadarços) que ajudam a melhorar a saída o fluxo de pus e diminuir a inflamação.


O interessante é que, eventualmente, a fístula até cicatriza com essas abordagens, mas o mais frequente é que isso seja uma “ponte” para o tratamento final.


5. Cirurgia realizada em dois tempos

Isso não é um “bicho-papão”.


Quando a doença está mal controlada, o cirurgião pode usar artifícios como a operação em dois tempos. Isso permite que o processo inflamatório possa ser controlado antes que a abordagem definitiva seja tentada.


O problema é que muitos pacientes, ansiosos pela resolução do problema, aceitam mal esse tipo de conduta. Mas saibam que paciência é a amiga da resolução das fístulas.


Ouça a justificativa de seu médico e entenda que, não é porque você terá que ir duas vezes ao bloco cirúrgico, que isso representa insucesso. Muito pelo contrário!


6. Uso de novas tecnologias

Novas tecnologias podem ajudar em casos específicos de fístula. Existem casos que são desafiadores para todos e, portanto, novas tecnologias são opções viáveis para tentativas de resolução. Algumas delas:

  • LASER;

  • VAAFT;

  • Operação transanal endoscópica.

Mas, lembrem-se, com acréscimo de materiais de última geração, há um aumento do custo do procedimento. Além disso, nada pode garantir a cicatrização.


7. Diagnóstico de doenças inflamatórias

O diagnóstico dessas doenças deve ser proposto e revisado a cada ponto do acompanhamento.


Por fim, fica a dica: existe a doença de Crohn, que pode se manifestar exclusivamente no ânus como uma fístula.


Cabe ao médico sempre pensar nas doenças inflamatórias, e revisitar o diagnóstico não é demérito! Isso é importante porque o tratamento desse problema é totalmente diferente, envolvendo mais medicamentos do que cirurgia.


Confie no coloproctologista

Então, lembre-se de ter serenidade e saiba que, quando um colega da coloproctologia pensa em outras possibilidades, nos casos que estão evoluindo de maneira atípica, isso é sinal de que o médico se preocupa com outros caminhos. Isso é bom!


Esperamos que essas reflexões tenham ajudado!

Até semana que vem!

2 Comments


Scheila Preveda
Scheila Preveda
Sep 03, 2023

Obrigada ajudou muito

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lunamarmanhosamanhosa
Sep 26, 2023
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Muito obrigado


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