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Fístula retovaginal e fístula perianal: quais as diferenças?

Há poucos dias pude colaborar com um portal online sobre um problema muito complexo, que causa muito sofrimento em mulheres: a fístula retovaginal. O que me impressionou mais foi a quantidade de pessoas que entraram em contato comigo querendo saber mais sobre o assunto. Decidi, então, falar um pouco sobre a fístula retovaginal e as diferenças com relação à fístula perianal.


Para começar, melhor entender um pouco mais sobre o que são esses dois problemas.


O que é fístula perianal?

A fístula perianal é formada a partir de uma infecção que se origina no ânus, em pequenas glândulas que ficam no canal anal. Isso gera a formação de pus que fica alojado próximo ao ânus, chamado de abscesso.


A perfuração espontânea ou cirúrgica da pele que drena esse pus dá origem a uma comunicação entre o canal do ânus e a pele perto dele – isso é chamado de fístula. Esse fato é importante, uma vez que a fístula perianal tem seu ponto de saída de pus na pele perto do ânus.


O que é fístula retovaginal?

O canal vaginal e o canal anal estão posicionados de maneira muito próxima e a comunicação anômala entre eles é chamada de fístula retovaginal. Uma das características principais é a saída de pus ou secreção de aspecto fecal pelo canal vaginal e, como não há feridas visíveis, o diagnóstico pode não ser fácil.


Muitas vezes, a mulher procura o médico com queixa de um corrimento de odor fétido. Se o colega não consegue identificar nenhuma doença dentro do canal vaginal, a paciente pode ser classificada como tendo uma infecção vaginal ou uterina.


O problema é que se o diagnóstico não é feito, a doença não cura. Diferentemente das infecções, as fístulas retovaginais são de tratamento predominantemente cirúrgico e não adianta dar apenas medicações.


Qual é a causa das fístulas?

Como pudemos ver no post sobre fístulas perianais, elas decorrem em sua maioria de infecções em glândulas anais ou estão associadas a doenças inflamatórias intestinais.


Já o caso das fístulas retovaginais tem um espectro causal mais amplo, isto é, podem estar relacionadas a:

  • Parto

  • Tratamentos com radioterapia na região

  • Doenças inflamatórias intestinais

  • Procedimentos cirúrgicos realizados no intestino, útero e canal vaginal

  • Outros fatores.

Como é feito o diagnóstico da fístula retovaginal?

A entrevista e o exame físico realizado pelo especialista coloproctologista geralmente é suficiente para dar o diagnóstico de ambos problemas, mas, no caso da fístula retovaginal, o ginecologista também tem papel fundamental na identificação.


Nos dois casos de fístula, frequentemente são necessários exames complementares para identificar qual o tipo, o grau de complexidade e também a relação com os músculos da evacuação. Os principais exames utilizados são:

  • Ressonância magnética de pelve

  • Ultrassom transretal e transvaginal


A ressonância magnética ajuda no diagnóstico de fístula retovaginal
A ressonância magnética ajuda no diagnóstico de fístula retovaginal

Como em alguns casos a fístula pode estar associada a doenças inflamatórias intestinais, podemos acrescentar a colonoscopia, exames de sangue e tipos especiais de tomografia computadorizada de abdome.


Como tratar as fístulas?

O tratamento das fístulas perianais e retovaginais é iminente cirúrgico, com exceção dos casos de pessoas com doenças inflamatórias intestinais, que são minoria. O tipo de cirurgia a ser realizada em cada paciente depende de vários fatores, desde a condição clínica da pessoa até a complexidade da fístula.


Hoje, temos à disposição um arsenal imenso de alternativas cirúrgicas para tentar resolver o problema – que vão da cirurgia convencional ao laser e a vídeo-cirurgia e em alguns casos, podemos até utilizar infiltração de células-tronco no local doente.


O mais importante é que o procedimento seja feito por profissional habilitado e experiente em mais de uma técnica, visto que a decisão cirúrgica pode mudar e muitas vezes é tomada durante a operação.


Precisa de mais de uma cirurgia?

Pelo que lemos, há relatos de pessoas que passam por diversas cirurgias para tratar a fístula perianal. Por que isso ocorre?


Em alguns casos, a programação do cirurgião é que a correção seja feita em mais de um procedimento, e o paciente deve estar ciente dessa possibilidade desde o começo, no consultório.


Mesmo quando se programe uma operação única para resolver a doença, nem os melhores tratamentos cirúrgicos para fístula conseguem 100% de cicatrização. Isso pode ser explicado pelo fato de o local ser muito contaminado e é preciso manter sua função de evacuação de fezes, enquanto o paciente está recuperando.


Além disso, há fatores associados à condição clínica do paciente, a presença ou não de doenças inflamatórias intestinais e também a experiência do médico assistente.


Qual é a mensagem para todos?

A drenagem de secreção purulenta ou fecal pelo canal vaginal ou por um orifício na região perto do ânus não é normal e deve ser avaliada por especialista, seja ele ginecologista ou coloproctologista.


A função evacuatória e a arquitetura vaginal devem ser preservadas ao máximo e o cirurgião deve ter sempre isso em mente.


Conclusão

Lembrem-se: fístula retovaginal e fístula perianal são problemas extremamente comuns que encontramos na prática diária do coloproctologista, Porém, é necessário um profissional experiente para realizar o diagnóstico correto e indicar o melhor tratamento.


Excelente semana a todos!

1 Comment


Rosimarviana584
Jun 25, 2023

Estou com mais de 65 dias com fezes amolecida e como como fibras elas aparecem nas fezes.me

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