Olá, pessoal, sejam bem-vindos de volta! Todo mundo já ouviu falar que muitas mulheres sofrem de hemorroidas durante a gravidez, não é mesmo? Mas qual a relação entre hemorroida e gravidez?
Março é o mês dedicado à conscientização sobre a endometriose e o câncer de intestino. Ainda que o tema de hoje não seja especificamente sobre endometriose, nós trabalhamos diretamente com a saúde da mulher e infertilidade. Por isso, saber orientar as pacientes no caso de uma gravidez é fundamental, e a questão das hemorroidas é uma dúvida frequente.
Gravidez aumenta as chances de hemorroidas?
Sim. Infelizmente, em torno de 1% das mulheres grávidas tem que procurar ajuda médica sobre queixas na região anal, e é reportado que até 86% relatam que sofreram de hemorroida na gravidez.
Além disso, no período pós-parto é significativo número de pacientes relatam tromboses na região anal.
Mas engravidar causa hemorroidas?
Bem, não é fácil responder essa pergunta.
O corpo da mulher passa por grande mudança durante a gestação, sendo elas hormonais, físicas e da função intestinal, por exemplo. Assim, determinar isoladamente se a gravidez é responsável pelo aparecimento da doença hemorroidária é praticamente impossível.
Todavia, alguns estudos já tentaram obter uma resposta aproximada ao estudarem mulheres que engravidaram pela primeira vez e nunca haviam tido sintomas anais. Os pesquisadores constataram que significativa parcela dessas pacientes desenvolviam queixas de hemorroida sem nunca ter sofrido anteriormente.
Dessa forma, o estudo levantou a hipótese que, mesmo sendo considerado um problema de origem multifatorial, é provável que haja uma ligação direta entre a gestação e o desenvolvimento de hemorroidas.
O que mais está envolvido na doença hemorroidária?
Alguns fatores estão relacionados ao desenvolvimento das hemorroidas na gravidez, e eles funcionam de maneira cumulativa no aparecimento dos sintomas. Veja mais abaixo.
1. Tendência pessoal e familiar
Apesar de a hemorroida não ser de origem genética, algumas famílias têm maior frequência de doenças anais, além disso, a própria pessoa pode ter essa tendência sem ter nenhum parente que sofre.
2. Aumento da pressão dentro do abdome
O aumento da pressão dentro do abdome e a piora do retorno venoso são fatores a serem considerados. Com o crescimento do feto, há um aumento da pressão intra-abdominal.
Além de dificultar o retorno do sangue ao coração, isso gera dilatação dos vasos da hemorroida e, consequentemente, inchaço e protusão anal. A compressão dos intestinos, devido à presença do feto em crescimento, também pode desempenhar papel negativo na regulação evacuatória.
3. Alterações hormonais
Durante a gravidez, todo o organismo está voltado para manutenção da vida do feto. Os hormônios nesse caso têm função vasodilatadora, lentificam os movimentos intestinais e aumentam a chance de inchaços. Em outras palavras, tudo isso afeta negativamente a região anal, que fica entumecida e sensível.
4. Intestino preso
A constipação está presente em até um terço das mulheres grávidas. Com isso, se há dificuldade de eliminação do bolo fecal, maior chance de traumatismo no ânus e mais chance de crises.
Como prevenir hemorroidas na gravidez?
Bem, como vimos em um post anterior sobre hemorroidas, existem medidas eficazes para minimizar o sofrimento e até resolver a crise que a mulher está sentindo. Mas é muito importante que não haja risco ao bebê, o que limita um pouco o uso de certas medicações e até de cirurgia.
De toda forma, vamos às dicas!
Alimente-se bem
Uma alimentação rica em fibras ajuda a formar um bolo fecal de melhor qualidade, mais lubrificado e que não traumatiza durante a evacuação.
Hidratação é o segredo
Não adianta comer bem sem o lubrificante da natureza, isto é, fibras demais e água de menos é receita para fezes duras e ressecadas. Lembre-se, a grávida tem que tomar água para ela e para o feto. Isso também vale durante a amamentação.
Banhos de assento e gelo local
Já temos um post só sobre isso e você pode ler clicando aqui. O calor ajuda a diminuir a dor, e o gelo desincha e diminui o sangramento. Só lembrar que banho na bacia pode não ser a menor ideia nesta fase, pois pode carrear bactérias da região anal para o canal vaginal.
Cuidado com laxativos!
Laxativos e medicamentos para hemorroida podem ser usados, mas com cautela. Principalmente no início da gravidez, alguns medicamentos não podem ser utilizados, então a avaliação de um especialista é importante.
Cirurgia, só em último caso
Apesar de parecer que a cirurgia vai tirar a dor, não é bem assim, e ela pode trazer riscos para o neném, então somente em casos muito selecionados.
Nem tudo que dói no ânus é hemorroida
Em alguns casos, abscessos, infecções e outras doenças podem gerar os mesmos sintomas locais, então, em caso de dúvidas, procure o seu médico.
Conclusão: não se desespere
Cada gravidez é uma experiência diferente! Então, procure manter a calma.
Outro ponto importante é para quem já passou por isso e teme passar de novo. Não é porque houve sofrimento durante a primeira gestação que a hemorroida vai dar trabalho em uma segunda.
Cada caso é um caso. Mas, por via das dúvidas, procurar o médico para a realização de um exame local, após o término da amamentação, pode ajudar a decidir o tratamento mais eficaz.
Aproveito para desejar um Feliz Dia Internacional da Mulher!
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