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Hemorroidas: quais são as cirurgias mais modernas?


Tratamentos para hemorroidas variam conforme cada caso

Quando o médico mostra ao paciente com diagnóstico de hemorroidas as opções de tratamento cirúrgico, a primeira coisa que vem a cabeça é dor e, junto com ela, medo.

Existem muitos mitos sobre o tratamento cirúrgico da doença hemorroidária, e é muito comum grande parte das pessoas acreditarem que, quanto mais recente e tecnológico for o tratamento, melhor será o resultado.

Neste post, tentaremos colocar o que há de evidência científica nas diversas opções cirúrgicas do tratamento das hemorroidas, de maneira simples, para que o público em geral possa entender.

Para isso, os dados que foram utilizados ao longo do texto se baseiam em informações retiradas dos parâmetros práticos da Sociedade Americana de Cirurgiões Colorretais, uma publicação de muita relevância no dia a dia do médico coloproctologista.

3 tipos de cirurgias de hemorroidas

Os procedimentos cirúrgicos mais frequentemente realizados para tratamento de hemorroidas são:

  • Procedimento para o prolapso hemorroidário (PPH);

  • Desarterialização hemorroidária transanal;

  • Hemorroidectomia convencional.

A seguir, vamos detalhar melhor cada um deles. Acompanhe!

1. PPH para tratar hemorroidas

O PPH é um procedimento para tratar hemorroidas que utiliza um grampeador circular, capaz de remover a submucosa e o excesso de mucosa próximo à linha pectínea (linha de sensibilidade do ânus).

Nessa cirurgia, o médico cirurgião dá pontos nesse excesso de mucosa, que é responsável pela exteriorização da hemorroida pelo ânus. Então, o especialista “puxa” esse volume para dentro do grampeador. Quando o grampeador é disparado, ele automaticamente corta e remove a mucosa redundante, além de grampear (emendar) a mucosa remanescente.

Por tratar a hemorroida que está dentro do canal anal, esse procedimento não consegue resolver efetivamente a parte externa da hemorroida. Sendo assim, pacientes com excesso de pele ou hemorroidas externas não são efetivamente tratados.

Diferenças para a cirurgia de hemorroidas convencional

Estudos que compararam os resultados do PPH com a cirurgia convencional constataram que pacientes relataram menor dor no pós-operatório da primeira técnica, e a taxa de complicações foram consideradas semelhantes entre os métodos.

Entretanto, a taxa de retorno dos sintomas e a necessidade de um novo procedimento foram significativamente maiores no grupo operado com o grampeador.

Apesar de a taxa de complicações ser semelhante entre as técnicas, é importante ressaltar que complicações relacionadas exclusivamente ao PPH podem acontecer, como fístulas retovaginais, perfuração retal e deiscência da emenda.

Se o paciente está disposto a realizar esse procedimento, ele precisa ser orientado sobre as indicações e as possíveis limitações, principalmente o maior risco de recorrências dos sintomas e maior chance de ter que ser submetido a novo tratamento.

No detalhe, aparelhos usados nas cirurgias de hemorroidas

2. Desarterialização transanal guiada por doppler

Essa técnica para tratar hemorroidas leva em consideração a perda de sustentação da mucosa em relação à parede do canal anal, que gera o prolapso (volume) de estruturas pelo ânus e o excesso de fluxo sanguíneo gerado pelos ramos das artérias hemorroidárias.

Para a resolução do problema, é realizada a passagem de um anuscópio pelo ânus do paciente e é colocada uma sonda de doppler, que identifica o fluxo sanguíneo arterial.

Direcionado pela sonda, o cirurgião realiza a ligadura dos ramos arteriais e, em seguida, faz a fixação do excesso de mucosa, que é responsável pela exteriorização. O fato de não haver ressecção de estruturas do canal anal faz com que a técnica seja menos dolorosa e, consequentemente, mais interessante muitos pacientes.

Comparação do procedimento

Quando comparada com a cirurgia convencional e a ligadura elástica – mencionada neste post –, a desarterialização costuma apresentar menor incidência de dor. Entretanto, essa técnica representa maior risco de recorrências dos sintomas, além de os custos serem maiores.

O risco de novas queixas é maior conforme o volume da hemorroida, sendo o pior resultado em casos de hemorroidas grau IV – para saber mais sobre a classificação das hemorroidas, veja este post.

A desarterialização hemorroidária guiada por doppler é uma opção para o tratamento da doença hemorroidária, mas os pacientes devem ser orientados sobre os riscos aumentados de recidiva dos sintomas e possibilidade de dor.

3. Hemorroidectomia convencional

O tratamento cirúrgico mais antigo para a doença hemorroidária é a cirurgia considerada convencional. Ela continua sendo uma opção altamente efetiva para a resolução do problema dos pacientes.

O procedimento consiste em:

  • Ressecção (remoção) dos coxins (“sacos”) hemorroidários doentes;

  • Ligadura vascular dos pontos de fluxo aumentado;

  • Retirada do excesso de pele e componente externo da doença.

Essa combinação de fatores permite que a cirurgia convencional apresente boa indicação para hemorroidas de qualquer grau, com resultados satisfatórios em até 95% dos pacientes.

Alguns pontos negativos

Os principais pontos negativos a serem considerados com relação à hemorroidectomia estão relacionados a:

  • Dor intensa no pós-operatório (principalmente nos dez primeiros dias);

  • Risco levemente maior de complicações.

De toda forma, a hemorroidectomia convencional é uma modalidade adequada para o tratamento das hemorroidas e é a que apresenta resultados mais consistentes no longo prazo.

Todavia, o paciente deve ser muito bem orientado sobre o pós-operatório – para saber mais, leia o texto “Cirurgia de Hemorroidas - como ter uma boa recuperação?” que está no blog.

Qual cirurgia de hemorroidas fazer?

A decisão sobre qual técnica a ser utilizada varia e deve ser individualizada. Em outras palavras, o médico deverá se orientar de acordo com o que o paciente sente, apresenta ao exame clínico e espera do tratamento, além da tecnologia disponível, a expertise do cirurgião e as condições do local de atendimento.

Um paciente bem orientado tem condições mais adequadas de participar da decisão sobre o tratamento e sempre ficará mais satisfeito com o resultado.

Existem outras técnicas para tratar hemorroidas e que vamos apresentar ao longo do tempo. Para acompanhar novidades, clique aqui, e também me siga no Instagram.

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