A colonoscopia é uma das ferramentas mais importantes para a prevenção e diagnóstico do câncer de intestino.
O problema é que, como envolve um preparo rigoroso, sedação por anestesiologista e a perda de pelo menos um dia de trabalho, muitos pacientes se veem inclinados a não fazer controle de forma contínua, quando o laudo mostra que está tudo normal.
O objetivo deste texto é orientar justamente sobre as considerações que devem ser feitas quando o paciente se depara com uma “colonoscopia normal”. O que isso representa no controle ambulatorial do paciente?
Colonoscopia normal é ótimo, mas...
O fato de o paciente fazer a colonoscopia e o resultado dar normal – ou seja, não mostrar problemas ou sinais de câncer de intestino –, não quer necessariamente que o risco é nulo. Vamos entender o porquê disso!
1. Nada é para sempre!
Se um indivíduo se submete à colonoscopia, isso não implica que ele está protegido indefinidamente do câncer de intestino.
Os exames de caráter preventivo, mesmo quando os resultados são classificados como normais, devem ser repetidos com intervalo variável, de acordo com a história pessoal e familiar.
Outro ponto que irá interferir na frequência do exame é a presença ou ausência de sinais e sintomas de alerta. Mas, mesmo que não haja nada, todo paciente deverá fazer controle clínico frequente.
2. Qualidade do exame de colonoscopia
Para se dizer que uma colonoscopia foi de qualidade, devemos nos assegurar:
Que as condições de preparo do exame foram aceitáveis ou ótimas;
Que todo intestino foi avaliado;
Que o procedimento foi realizado em condições adequadas do ponto de vista de material e de assistência.
Os intervalos propostos e o benefício da colonoscopia só podem ser considerados quando o exame for realizado em boas condições técnicas por examinador certificado, com o intestino do paciente livre de resíduos fecais – e visualizado em toda sua extensão –, bem como com a aparelhagem de qualidade.
Só com esses requisitos podemos minimizar o risco de que lesões passem despercebidas e, assim, teremos maior chance de sucesso na prevenção do câncer e detecção de doenças.
3. Ninguém é infalível
Independentemente de a colonoscopia estar normal, existe um percentual de pequenas lesões que não são detectadas no exame. Pólipos pequenos, menores que 5 mm de diâmetro, podem não ser vistos em até 20% dos casos.
Além disso, existe o temido câncer de intervalo, isto é, que ocorre no intervalo entre exames, podendo surgir devido ao aparecimento de lesões malignas, de desenvolvimento rápido, doenças genéticas ou tumores não visualizados em procedimentos anteriores.
Temos que lembrar que o exame é realizado por um ser humano e que é dinâmico, sendo que a visualização de doenças, principalmente as de pequena extensão, pode ser prejudicada por angulações, espasmos e haustrações (pregueado) do intestino.
Como diminuir a chance de “falha” da colonoscopia?
Chegamos ao ponto chave desse texto e, para responder a essa pergunta, é importante salientar que a relação médico-paciente faz toda diferença.
Em outras palavras, quando um indivíduo é avaliado apenas uma vez, chamamos isso de relação transversal e só serão detectados problemas que estão efetivamente ativos naquele ponto do tempo.
O ideal é que seja estabelecido um acompanhamento constante, chamado de horizontal. Esse, sim, tem maior probabilidade de identificar alterações que vão surgindo e, assim, possibilita ações mais efetivas para resolver precocemente doenças.
Retorno após a colonoscopia
O primeiro retorno do paciente após a colonoscopia vai permitir a análise do laudo do exame colonoscópico, e o coloproctologista poderá estabelecer a programação dos controles preventivos.
O médico atento deve orientar seus pacientes que o intervalo entre colonoscopias não é estático e que é recomendado um retorno no mínimo anual para acompanhamento clínico.
Esse controle permite que sejam identificados sinais e sintomas de alerta e mudanças na história familiar neoplásica que aumentem o risco individual de câncer. Além do mais, podem ter ocorrido mudanças no conhecimento científico acerca da prevenção, o que pode alterar a programação do rastreamento.
Mantenha seu acompanhamento
Em tempos de avanço diário do conhecimento médico, não podemos considerar nada imutável. Por isso, acompanhe quaisquer mudanças no seu corpo e seus hábitos e informe sempre ao seu médico.
Se a sua colonoscopia der “normal”, mantenha mesmo assim os acompanhamentos.
Boa semana!
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