Olá, caros leitores, é hora de retornar a um assunto importante: o preconceito contra as doenças anais e intestinais – qual é o impacto disso na nossa vida?
Nesta semana, pela enésima vez, um paciente chegou em nossa clínica com queixas hemorroidárias que já o incomodavam havia décadas. Vocês não sabem como isso é comum.
Tanto sofrimento, por tanto tempo e os motivos para tal são sempre os mesmos:
Medo
Vergonha
Preconceito
Desconfiança
Uma pitada de tabu
Isso é tão significativo que, mais uma vez, acreditamos ser necessário trazer um choque de realidade para trazer a razão de volta às nossas vidas. Estão preparados???
APROXIMADAMENTE METADE DAS PESSOAS NO MUNDO SOFRE OU VAI SOFRER DE ALGUM PROBLEMA INTESTINAL DURANTE A VIDA!!!
Dados sobre doenças anais e intestinais
Colocado assim, assusta qualquer um, não?
Mas não é motivo para pânico. Mais uma vez, estamos aqui para orientar e aproximar o paciente do cuidado adequado. A grande maioria das doenças intestinais é de tratamento clínico e curáveis, entretanto, a mensagem para ser assimilada é:
Não tenha vergonha de procurar um especialista!
Prevalência de doenças anais e intestinais
Só para colocar em perspectiva a grande frequência de doenças anais e intestinais, listamos abaixo a prevalência das principais moléstias que afetam nossa vida:
Constipação crônica (prisão de ventre): até 20% das pessoas
Síndrome do Intestino Irritável: 10 a 15% das pessoas
Diverticulose intestinal: até 30% das pessoas acima de 50 anos
Hemorroidas: 4,4% das pessoas
Fissuras: 7,8 - 11% durante a vida inteira
Fístulas: 2,8 por 100.000 indivíduos
Doenças inflamatórias intestinais: 1,3% dos adultos nos EUA
Câncer de intestino: até 4%, considerando toda a vida da pessoa
Qual o risco de não procurar ajuda médica?
Lembrem-se que deixar de procurar ajuda, na grande maioria dos casos, só trará mais sofrimento para a vida da pessoa. Porém, no caso do câncer de intestino, diverticulite perfurada ou doença inflamatória intestinal, a demora do diagnóstico pode colocar em risco a sua própria existência.
O que impede as pessoas de ir ao coloproctologista?
Abaixo, vamos listar os principais fatores que levam as pessoas adiar a ida ao coloproctologista e como não deixar isso afetar a sua vida.
1. Medo
O medo engloba quase tudo. As pessoas geralmente sentem medo com relação a:
Exames que serão pedidos
Doença ser grave
Não ter tratamento
O próprio tratamento
Precisar de uma bolsa de colostomia
Sofrer
Sala de espera (“quem será que eu posso encontrar lá?”)
Em nossos textos anteriores, já pudemos desmistificar a grande maioria desses temores. A consulta coloproctológica é para ouvir e tentar ajudar o paciente. Ninguém será submetido a nenhum tipo de "tortura" e nem será obrigado a acatar nada que não consinta, então, primeiro consulte sem receios e se, em algum momento sentir ameaçado, talvez aquele não seja o médico para você.
2. Vergonha e constrangimento
A vergonha e o constrangimento também são muito comuns. O nosso intestino e, principalmente, a área anorretal, são consideradas como muito próprias do indivíduo. Ou seja, expor seus sintomas e até ser examinado é motivo de grande apreensão.
Não podemos apenas falar para a pessoa não ter vergonha. O médico deve ser capaz de passar confiança ao paciente e, quando ela é conquistada, o caminho está aberto para a resolução dos problemas apresentados.
3. Preconceito e tabu
Esse último motivo infelizmente ainda é muito comum em nossa sociedade conservadora. O paciente pode pensar que será julgado por aquilo que fala, pelo comportamento que tem em sua privacidade e sente que ficando em casa os riscos são menores.
Várias pessoas que consultaram conosco já relataram o medo de acharem que os médicos pensariam algo sobre a sua sexualidade procurando ajuda. Pois que fique muito claro, não é papel do médico julgar ninguém.
Independente da queixa, a função do médico é ajudar, orientar, amenizar e, se possível, curar. Então, sentiu-se julgado? Procure outro profissional.
Conclusão
Livre-se dos preconceitos contra doenças anais e intestinais. Olhe ao seu redor, lembre-se que a grande maioria das pessoas também pode ter problemas semelhantes ao seu. Fique de olho na sua saúde, viva bem e muito!
E, no final, lembre-se da máxima: para quê uma vida de sofrimento, quando há solução para o problema?
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