top of page

Prevenção do câncer de intestino: 5 dúvidas frequentes


Apesar de uma grande parcela da população brasileira já saber que a prevenção do câncer de intestino é importante, boa parte dela tem diversas dúvidas e, muitas vezes, vergonha ou medo de perguntar.

No post de hoje, organizei cinco questionamentos, comuns no consultório dos coloproctologistas, para tentar esclarecer melhor para vocês.

1. Mesmo fazendo os exames de prevenção do câncer de intestino, tenho chances de ter a doença?

A resposta é sim, ainda que você siga as orientações do seu médico e faça os exames preventivos.

O rastreamento é uma ferramenta de valor fundamental na prevenção e na detecção precoce do câncer colorretal, mas todos os exames apresentam limitações relacionadas à técnica, ao paciente e à própria doença.

Existem alguns motivos de falso-negativo, isto é, de o paciente ter tumor, mesmo apresentando negativo nos exames de rastreamento. Exemplos:

Pesquisa de sangue oculto nas fezes (PSOF)

O tumor não sangra todo dia. Em outras palavras, como o PSOF se baseia na detecção de quantidades mínimas de sangue nas fezes do paciente, se o tumor do paciente não sangrou no dia da coleta, ele pode ter a lesão, e ela não ser detectada.

O volume para essa detecção é alto. Com isso, uma lesão com sangramento em pequena quantidade pode gerar exame negativo por não ser suficiente para levar ao resultado positivo.

Além disso, devemos considerar que pode haver uma coleta inadequada, o que irá interferir nos resultados.

Qualidade da colonoscopia

A má qualidade do exame de colonoscopia é uma das causas mais comuns de um resultado normal em um paciente que, na verdade, tem câncer de intestino.

Para ser considerado de boa qualidade, o exame precisa de:

  • Condições adequadas de preparo;

  • Avaliação completa, ou seja, de toda a extensão do intestino;

  • Duração específica do exame;

  • Realização de todo o processo por um médico qualificado.

Se qualquer um desses itens não for atingido, o exame tem maior risco de não identificar lesões malignas ou pré-malignas. Portanto, o objetivo de prevenção pode não ser atingido. Além disso, outros fatores influenciam na colonoscopia:

  • Presença de lesões planas, que são alterações da superfície mucosa que recobre o intestino e que, por não gerarem alterações no relevo, são mais difíceis de identificar, mesmo em um exame de qualidade.

Todavia, como são menos frequentes, o benefício do exame não é perdido, mas é essencial que o examinador esteja bastante atento.

  • Lesões ocultas, que são alguns pólipos e tumores, principalmente os menores, localizados atrás das haustrações (pregas do intestino em forma de pequenas barreiras).

Como o aparelho de colonoscopia apresenta um foco frontal (só pode ver o que há em sua frente), às vezes, é impossível identificar lesões “escondidas” atrás dessas pregas.

Colonoscopia virtual

A colonoscopia digital é uma tomografia computadorizada do abdome, com reconstrução gráfica digital do intestino. Por ser um método que não visualiza diretamente a superfície do intestino, mas o reconstrói a partir de alterações do relevo mucoso, a identificação de lesões planas é muito difícil.

Além disso, devemos ressaltar que a qualidade ruim do preparo irá interferir na detecção de lesões, representando uma constante chance de falhas.

Outro ponto que dificulta na eficácia da colonoscopia digital é a má tolerância do paciente. Caso ele se movimente, pode ocorrer falha na identificação de pólipos e tumores.

2. Minha colonoscopia deu normal, mas devo fazer a PSOF novamente?

Não. Quando o paciente que tem uma colonoscopia normal apresenta a PSOF positiva, isto é, com presença de sangue oculto nas fezes, a literatura médica atual recomenda manter o acompanhamento com o exame de colonoscopia, nos intervalos orientados pelo médico.

A questão é que, se o paciente fizer novamente o sangue oculto no ano seguinte e o resultado der positivo mais uma vez, a pessoa teria que repetir a colonoscopia. Ou seja, a repetição deste exame de imagem, nesse caso, não levaria a qualquer benefício à saúde, apenas expor o paciente a possíveis riscos.

3. Hemorroidas podem virar câncer?

Não. Como já mencionei em posts anteriores aqui no blog, a doença hemorroidária é representada por alterações de um conjunto de vasos na submucosa do canal anal. Ela se apresenta com sangramento e inchaço através do anus, mas nunca será transformada em câncer.

Por outro lado, o paciente pode ter câncer de intestino com sintomas semelhantes e achar que está com hemorroida. É por isso que procurar o especialista ajuda na diferenciação e no diagnóstico preciso.

4. Sexo anal pode causar câncer?

A prática de relações sexuais por via anal não aumenta o risco de câncer por si, mas pode haver a transmissão do papilomavírus humano, o HPV. Alguns subtipos desse vírus podem se transformar em carcinoma espinocelular de canal anal.

Em outras palavras, é importante a conscientização de todos, principalmente dos jovens sobre a vacinação e o uso de preservativos durante as relações sexuais. Para saber mais sobre HPV, leia este texto.

5. Se um familiar próximo teve câncer, eu também vou ter?

O fato de você ter familiares com câncer de intestino aumenta, sim, o risco da doença. Existem síndromes genéticas já relacionadas a essa chance, mas é preciso fazer análise da história familiar do paciente para se estabelecer a real possibilidade do surgimento de tumor.

A maioria dos cânceres intestinais é esporádicos, isto é, mais raros, e só uma minoria dos pacientes se encaixa nessas síndromes.

É importante que, em caso de familiar com a doença, os parentes de primeiro grau procurem orientação com o coloproctologista, mesmo que fora da idade de rastreamento. Assim, poderá ser determinada a maneira correta de fazer a prevenção.

De toda forma, não custa reforçar que homens e mulheres têm intestino grosso, ou seja, todas as pessoas devem participar da prevenção e do rastreamento do câncer de intestino. Só assim poderemos vencer essa doença!

Bình luận


bottom of page