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Prevenção do câncer de intestino em pessoas acima de 80 anos

No último domingo, recebemos a triste notícia da morte do grande ator Luiz Gustavo, de 87 anos, após uma batalha de 3 anos contra um câncer de intestino. Essa lastimável perda deve nos fazer refletir sobre o envelhecimento populacional e as formas de prevenção das doenças intestinais.


Até pouco tempo atrás, essa discussão seria considerada desnecessária, mas hoje cada vez mais pessoas vivem além dos 80 anos, com qualidade de vida e independência.


Como seria a prevenção ideal do câncer de intestino?

Em um mundo ideal, todas as pessoas fariam a avaliação preventiva a partir de 45 a 50 anos e, assim, teriam o risco de tumores malignos diminuído significativamente quando atingissem a faixa etária acima dos 70 anos.


Mas, infelizmente, alguns pacientes chegam no consultório para primeira avaliação já com idade avançada e, nesse momento, devemos pensar sobre qual é o melhor caminho a seguir.


Como é a prevenção do câncer na prática

O que vemos no dia a dia é um completo contra-senso entre médicos, pacientes e familiares. Alguns indivíduos chegam com exames de pesquisa de sangue oculto nas fezes positiva e vão ao especialista para “ver o que fazer agora”.


Outros chegam no consultório com pedido de colonoscopia para que o endoscopista decida se há necessidade ou não do exame. Mas o que leva ao grande desespero dos médicos é quando algum acompanhante exclama: “mas, se achar alguma coisa, não é para fazer nada, ok?”.


Então, como prevenir o câncer de intestino nos idosos?

Bem, a função deste post é tentar estruturar o que é a prevenção do câncer de intestino e como ela deve ser conduzida no paciente idoso.


A maioria dos programas de rastreamento do câncer colorretal tem como alvo a faixa etária entre 45-50 e 75-80 anos, sendo que indivíduos mais velhos fogem ao protocolo e acabam sendo submetidos a distorções e exageros.

Prevenção do câncer de intestino em idosos é fundamental
Prevenção do câncer de intestino em idosos é fundamental

Para tanto, temos que lembrar que, após os 75 anos, a condição clínica de cada pessoa varia demais e frequentemente o que vale para um, não vale para outro.


Além disso, só podemos falar de PREVENÇÃO para quem não sente nada.


Critérios para a avaliação médica

Os critérios para a diagnóstico do câncer de intestino estão se desenhando de maneira organizada e sem esforço em nossa frente:

  • Todas as pessoas que apresentarem sintomas intestinais, principalmente aqueles considerados de ALERTA, devem procurar o coloproctologista – esses indivíduos não são alvo da prevenção, mas, sim, de avaliação clínica e diagnóstico.

  • Devemos individualizar a abordagem de acordo com a condição clínica de cada um, ou seja, aqueles com saúde mais debilitada podem ter o risco/benefício desfavorável com a realização de exames invasivos.

Por outro lado, os pacientes que forem selecionados como risco baixo de complicações, podem, sim, ser submetidos a avaliações preventivas. Porém, a maioria dos estudos afirma ser prudente utilizar métodos de menor risco:

  • Pesquisa de sangue oculto nas fezes;

  • Colonoscopia virtual – em casos selecionados;

  • Colonoscopia convencional – indicada apenas nos casos em que há positividade nesses testes.

Orientação a pacientes sobre o rastreamento

Outro fator muito importante a ser levado em conta é que não há sentido em realizar um exame com intuito de rastreamento de câncer se, em caso de positividade, não se dará continuidade à avaliação.


Sabendo disso, todos os pacientes e familiares têm que ser bem orientados de que existe a chance de ser detectado um tumor e que, caso isso aconteça, decisões deverão ser tomadas para abordagem da doença.


Se não houver perspectivas para tanto, as avaliações devem ser interrompidas, com risco de causarem sofrimento sem ganho efetivo em qualidade e quantidade de vida.


Algumas reflexões

Para finalizar, gostaria de deixar algumas reflexões:

  • Quem sabe quanto tempo uma pessoa vai viver?

  • Quantas pessoas se foram precocemente, com saúde plena?

  • E outras tantas que têm sinais de fragilidade e são longevas?

São questionamentos com respostas muitas vezes incertas, não é mesmo?


Sendo assim, todas as decisões com relação ao tratamento do câncer de intestino devem ser compartilhadas e baseadas nas melhores informações, de maneira que sempre o paciente seja beneficiado.


Grande abraço!

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