Como prevenir complicações da cirurgia de intestino?
- drbrunoproctologista
- 9 de abr.
- 3 min de leitura
Olá, caro leitor e cara leitora! Hoje vamos falar de um assunto delicado: as complicações da cirurgia de intestino. Digo difícil por dois fatores:
Cirurgiões geralmente não gostam de falar sobre complicações;
Cirurgiões não querem que paciente sofra complicações da cirurgia.
Mais especificamente, vamos abordar a mais temida complicação de cirurgia de intestino: o vazamento da emenda do paciente. O nome científico desse problema é fístula anastomótica, mas para que ninguém se assuste com este palavrão, vamos chamar de vazamento da emenda mesmo, para facilitar.
O que é o vazamento da emenda (fístula anastomótica)?
Todas as vezes que operamos o cólon e o reto do paciente, nossa preocupação é sempre de como será a reconstrução do trânsito intestinal. Isso é muito importante, visto que o intestino é um tubo em que os resíduos não absorvidos, produtos da fermentação bacteriana e secreções, serão transportados até o ânus e excretados.
Como pudemos ver em textos anteriores, apenas uma pequena parte dos pacientes operados atualmente tem necessidade de ficar com uma ostomia – desvio da saída das fezes para a pele, a famosa bolsa de colostomia.
Então, a maioria dos procedimentos gera a necessidade de uma emenda, que normalmente é feita com uso de grampeadores ou com pontos que o cirurgião dá.
Como ocorrem complicações da cirurgia de intestino?
Por melhor que seja essa emenda feita na cirurgia de intestino, como ela não pode permitir o extravasamento de resíduos, o organismo do paciente tem que fazer a sua parte. Isto é, se não houver a cicatrização completa, um dia a fístula abrirá e fezes vão cair dentro da cavidade abdominal. Isso gera infecção e risco de morte.
Sinais das complicações da cirurgia de intestino
Se o vazamento for tão grave, como saber que está ocorrendo?
Má recuperação de um procedimento cirúrgico.
Febre durante o pós-operatório.
Aumento da frequência cardíaca e que não melhora.
Secreção tipo pus ou fezes na ferida cirúrgica.
Exames alterados de sangue e/ou de radiografias ou tomografias.
Febre é um dos sinais das complicações da cirurgia de intestino
Como prevenir complicações da cirurgia de intestino?
Não é possível evitar completamente as chances de complicações da cirurgia de intestino, mas existem medidas a serem tomadas pelo paciente, cirurgião e hospital que podem diminuir muito os riscos. Vamos aprender a seguir.
Papel do paciente para prevenir complicações
Fazer o preparo da cirurgia com alimentação e hidratação adequadas, ricas em nutrientes e vitaminas como orientados no pré-operatório.
Ingerir suplementações quando necessário.
Cessar hábitos nocivos, como tabagismo e etilismo, o quanto antes.
Melhorar as condições clínicas controlando doenças crônicas como diabetes e hipertensão.
Melhorar a resistência física com exercícios supervisionados.
Seguir as orientações dos profissionais que o assistem.
Evitar repouso excessivo, ficar só na cama só piora a evolução do paciente.
Papel do cirurgião para o sucesso da cirurgia de intestino
Programar, sempre que possível, o procedimento cirúrgico para que se evite intervenções em caráter de urgência e emergência.
Estar preparado para a cirurgia proposta, de modo a realizar a operação da melhor maneira possível.
Evitar perdas sanguíneas excessivas.
Estimular a recuperação precoce dos pacientes.
Realizar emendas em regiões bem nutridas do intestino.
Papel do hospital na prevenção de complicações cirúrgicas
Oferecer as condições necessárias para que o procedimento proposto seja realizado.
Disponibilizar em sua equipe os profissionais necessários para a recuperação adequada.
Treinar equipes para acolher os pacientes.
Promover acompanhamento nutricional e fisioterapêutico dos pacientes.
Ter comissões para revisões e prevenção dos eventos adversos ocorridos.
Complicações cirúrgicas podem ser minimizadas
Como podemos ver, existem maneiras de minimizar o risco de complicações da cirurgia de intestino, mais especificamente da emenda. De toda forma, ainda não existe a prevenção completa do vazamento. Mas juntos, pacientes, médicos e hospitais podem atuar para obter o melhor resultado nos procedimentos.
Outras linhas de pesquisa envolvem o tratamento das disbioses e melhora do microbioma intestinal, mas mais estudos são necessários para a definição da aplicabilidade na prática clínica.
Fiquem de olho nas nossas próximas publicações para cuidarmos todos da saúde intestinal.
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