Nesta semana recebemos muitas perguntas sobre as fístulas perianais, então hoje gostaria de ressaltar alguns pontos muito importantes sobre a doença: os riscos.
O que são fístulas perianais mesmo?
Só para relembrar…
Já escrevemos muitos textos sobre esse tema e você pode ler vários neste link, mas, para reforçar, as fístulas perianais são trajetos que se formam na região perto do ânus e que desenvolvem uma comunicação debaixo da pele até o canal anal e/ou o reto.
Elas são, em sua maioria, derivadas de abscessos (infecções com pus) que ocorrem nas glândulas que ficam na parte final do intestino.
Dúvidas frequentes sobre os riscos das fístulas perianais?
Confira agora as principais dúvidas sobre as fístulas perianais.
1. Está saindo fezes pelo orifício da fístula, pode infeccionar?
Normalmente, as fístulas perianais têm um orifício na nádega e que fica eliminando uma secreção, que pode ser sanguinolenta, purulenta ou fecal. Essa drenagem corresponde ao conteúdo que está no interior do trajeto ou que vêm do interior do reto e é muito importante que esse processo ocorra.
O perigo está quando há uma obstrução à saída destes líquidos, pois eles ficam parados e dão possibilidade de bactérias se multiplicarem e formarem abscessos ou infecções. Então, não se preocupe, melhor uma fístula que drena muito e até elimina fezes, do que uma que não permite a saída daquilo que está em seu interior.
2. Se a fístula não está fechando, está piorando?
Não, isso é totalmente normal, raramente há cicatrização espontânea de uma fístula e consideramos que é uma doença de tratamento cirúrgico. Ou seja, não adianta ficar em casa, sofrendo sem ajuda especializada.
Todos os pacientes que apresentam uma saída de secreção purulenta, fecal ou sanguínea pelo ânus, ou perto dele, têm que procurar ajuda de um coloproctologista.
3. O que acontece se eu não tratar?
Como dito acima, a fístula não vai cicatrizar sozinha, então, a primeira coisa que acontece é o sofrimento com perda de qualidade de vida. A pessoa fica constantemente com sujidades na roupa íntima, irritação, coceira ou dor local.
Se o orifício da fístula começa a fechar ou é obstruído, pode acontecer uma piora da infecção que se chama abscesso, isto é, acúmulo de pus debaixo da pele. Esse é o caso de uma urgência que precisa ser tratada com cirurgia ou pode evoluir com uma gangrena local.
Resumidamente, não vale a pena esperar, fístulas perianais precisam ser tratadas adequadamente.
4. Se eu trabalhar, minha doença vai piorar?
Dependendo do trabalho e das características da doença, uma pessoa com fístula não complicada pode trabalhar normalmente, desde que seu trabalho não envolva agressão a região afetada.
Por exemplo, quando o cliente é motociclista, cavaleiro ou sua atividade envolve grande quantidade de sujeira que pode atingir o local doente, é recomendado o afastamento.
Da mesma forma, se a pessoa tem dor e não consegue assentar, um serviço que exige pouco fisicamente – como trabalhar em um escritório – pode ser incapacitante.
Em caso de dúvidas sobre a necessidade ou não do afastamento, podemos recorrer à medicina do trabalho da empresa e à própria opinião do trabalhador sobre sua função e condição de exercê-la.
5. Tenho que tomar antibiótico?
Somente em casos de pacientes com baixa resistência do organismo, doenças graves ou doenças crônicas mal controladas o uso do antibiótico está indicado. O pus que fica saindo pela ferida perto do ânus não é perigoso, mas se a pessoa está sentindo dor, sinais de inflamação local, inchaço progressivo ou febre, então é o caso de procurar ajuda médica.
6. Qual antibiótico tomar?
Os antibióticos disponíveis variam, mas é importante que haja cobertura da flora bacteriana mais comum que é extensa na região. Usualmente, é necessária a indicação de combinações de antibióticos para erradicar bactérias aeróbicas (que toleram oxigênio) e anaeróbicas (que não toleram oxigênio).
O antibiótico mais comum nesse caso é a amoxicilina associada ao clavulanato ou ciprofloxacino associado ao metronidazol.
7. Quais os riscos da cirurgia de fístula?
Já falamos sobre isso em textos anteriores, como neste aqui. Algumas técnicas para tratamento das fístulas são mais agressivas que outras e trazem com elas risco aumentado de complicações como:
Incontinência fecal
Hemorragias
Feridas que não cicatrizam
Cada vez mais essas modalidades de tratamento têm sido abandonadas por procedimentos minimamente invasivos e que visam preservar o esfíncter e sua função. Portanto, é importante o próprio paciente perguntar ao médico sobre o que será feito durante o seu tratamento.
Técnicas modernas como laser, vídeo cirurgia, retalho e ligadura do trajeto da fístula não costumam estar relacionadas a complicações graves. De toda forma, é sempre bom ressaltar que TODA cirurgia tem riscos inerentes ao procedimento e ao paciente, e tudo deve ser orientado antes de ir ao bloco cirúrgico.
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Excelente semana a todos!