É comum ouvirmos dizer que a saúde intestinal da mulher é mais afetada que a do homem. Existe uma ideia difundida de que os problemas gastrointestinais sejam mais frequentes nelas. Mas será que isso é verdade?
O sofrimento com relação ao funcionamento do intestino é um sintoma frequente no consultório do coloproctologista. Mas cada incômodo é percebido pelas pessoas de maneira particular. Isto é, a intensidade e a limitação causadas são difíceis de mensurar, de dizer se homens ou mulheres são mais ou menos impactados.
Para entender isso melhor, vamos buscar esclarecer o que há de estudos a respeito. Acompanhe!
Estudos sobre a saúde intestinal da mulher
Em um estudo publicado no Brasil em 2017, pesquisadores avaliaram 3.029 mulheres e observaram que cerca de 66% delas apresentam sintomas gastrointestinais. Esses sintomas, altamente prevalentes nas brasileiras, afetam a qualidade de vida, como humor, concentração e sexualidade.
Além disso, os sintomas mais frequentes são flatulência (excesso de gases), constipação e distensão abdominal. Porém, o porquê desses impactos na saúde intestinal da mulher não pode ser explicado facilmente.
Tentando entender a saúde intestinal da mulher
Quando há uma alteração na estrutura dos órgãos ou na função bioquímica do organismo, o problema deve ser considerado orgânico, e devemos abordar a causa diretamente.
Na verdade, uma alteração nem sempre é suficiente para explicar tudo, mas quanto menos fatores envolvidos na gênese dos sintomas, maior a chance de sucesso no tratamento.
O problema é que, na maioria dos casos, não serão encontrados problemas detectáveis. E, assim, a paciente pode ser classificada como “portadora” de um problema funcional, ou melhor, síndromes.
Essas síndromes são conjuntos de sintomas, sendo diagnosticadas por meio de questionários e uso de exames que ajudam a excluir outras doenças.
Como melhorar a qualidade de vida da mulher?
Se os sintomas de problemas na saúde intestinal da mulher são frequentes, mas muitas vezes não há uma causa, o que fazer para melhorar a qualidade de vida?
Sabemos que o trato gastrointestinal é muito afetado pela condição emocional e de estresse de uma pessoa e, aparentemente, as mulheres manifestam mais essas questões do que os homens.
O metabolismo de neurotransmissores e sua relação com o intestino e o cérebro são assunto de vários estudos. E, apesar de sabermos dessa relação estabelecida, ainda não temos todas as respostas para o grau de influência desses fatores. Outros fatores relacionados à saúde do intestino da mulher são os hábitos de vida, como:
Alimentação saudável;
Prática constante de atividade física;
Vida ausente de vícios (como bebida e cigarro).
Muitas pacientes chegam com queixas ao consultório e, durante o atendimento, elas relatam o que acham que fazem de errado. Por exemplo, muitas sabem que comem de forma inadequada, além de não conseguirem aplicar na vida diária aquilo que sabem que faz bem para o organismo.
Hábitos de vida mudam a saúde intestinal da mulher
Em todo mundo, estudos como o feito no brasileiro avaliaram sintomas intestinais nas mulheres e, apesar de encontrar maior ou menor impacto e incidência, as queixas não são muito diferentes.
Além disso, as pesquisas feitas mundo afora também relatam os impactos que a alimentação, os hábitos de vida e o ambiente em que as pacientes estão inseridas têm em sua vida. A maioria das mulheres estudadas relata que os problemas gastrointestinais que sentem geram impactos na vida social, sexual, no sono e no humor.
Medicamentos e tratamentos também são importantes
É importante ressaltar que nem sempre medidas de mudança nas rotinas são possíveis e também podem não ser a solução completa.
Algumas pacientes precisam de medicações e tratamentos mais específicos, mas cabe ao médico incentivar tudo que possa ajudar na qualidade da saúde intestinal da mulher, antes de partir para abordagens mais invasivas.
Alimentação e atividade física para ajudar a saúde do intestino
Vale lembrar que o tempo de trânsito intestinal influencia bastante no desconforto abdominal. Em outras palavras, quanto mais o bolo fecal permanecer no intestino, mais haverá fermentação de resíduos, com formação de gases, distensão abdominal e dor. Ou seja, isso leva a uma evacuação adequada.
A qualidade da alimentação é muito importante para ajudar mulheres com queixas gastrointestinais. Isso inclui dietas ricas em fibras, com ingestão adequada de líquidos, uso eventual de probióticos, entre outras medidas. Em alguns casos, será possível identificar algumas tolerâncias, como:
Glúten (farinha de trigo em geral, como pães, bolos, massas);
Sacarídeos fermentáveis (como FODMAP).
Por isso, o autoconhecimento é tudo! Uma sugestão é a mulher realizar um calendário alimentar e anotar quando o mal estar vier.
A atividade física e o sono adequado impactam muito na saúde intestinal da mulher e, por isso, sempre devem ser estimulados. O ritmo equilibrado entre dia e noite ajuda no metabolismo correto de neurotransmissores, serotonina, dopamina e melatonina, muito importantes no bem-estar.
Muitas pacientes podem se perguntar se já não ouviram a maioria desses conselhos antes, e é verdade! Saber o certo é fácil, mas colocar em prática, às vezes, é um desafio. Espero poder ajudá-las!
Comentarios