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Suboclusão e obstrução intestinal: o que são e como tratar?

Mesmo com todo cenário político e pandêmico em que o Brasil está inserido, um assunto que ficou em alta recentemente foi o quadro de obstrução intestinal que se instalou no presidente da República.


É curioso como nos últimos meses temos observado personalidades, celebridades e até sua santidade, o papa, serem diagnosticados com doenças do intestino.


Doença diverticular, câncer de intestino, pólipos e inflamações têm sido recorrentes nos telejornais, e por mais a divulgação tem ajudado muito a conscientizar e orientar a população!


Mas a obstrução intestinal e suboclusão intestinal em pessoas submetidas a uma cirurgia prévia não são frequentes na mídia. Entretanto, muito se enganam aqueles que acreditam que são problemas raros.


O que é obstrução intestinal?

A obstrução intestinal, como o próprio nome diz, é a interrupção física do fluxo de resíduos que transita pelo trato gastrointestinal de maneira completa. Já na suboclusão intestinal, esse processo ocorre de maneira incompleta, permitindo a passagem de alguma quantidade de gases e fezes.


Como esse processo é dinâmico e um tipo pode evoluir para o outro, chamaremos o problema de Síndromes Obstrutivas Intestinais (SOI).


Síndromes obstrutivas em pacientes operados

Por que as SOI ocorrem mais em pacientes pós-operados na região do abdome? São diversas as causas que podem levar à obstrução intestinal, sendo as mais comuns aderências, hérnias e problemas inerentes ao procedimento prévio.

São diversas as causas que podem levar à obstrução intestinal
São diversas as causas que podem levar à obstrução intestinal

Aderências

Toda agressão (cirurgias, por exemplo) intra-abdominal causa formação de aderências, e isso se dá pelo processo natural de cicatrização.


Em outras palavras, qualquer superfície em nosso corpo que seja manipulada cirurgicamente ou que sofreu algum tipo de traumatismo (acidentes, machucados etc.) tenta cicatrizar. A cicatrização acontece pela formação de um depósito de colágeno (cicatriz) e, quando isso acontece na parede de um órgão, ele tende a “colar” em uma superfície que esteja próxima a ele.


Isso gera uma menor mobilidade entre os órgãos, algo fundamental em nosso organismo. Ou seja, sempre que mudamos de posição, nossas vísceras se movem dentro do abdome e, depois de um tempo, se acomodam em posições consideradas fisiológicas (normais).


Mas, quando há aderência, aquele ponto fixo pode fazer com que uma alça de intestino torça sobre o próprio eixo e, assim, gere um estreitamento da luz (parte interna oca do intestino e por onde passam os resíduos).


Hérnias

As hérnias são pontos de fraqueza na parede abdominal, em que estruturas que normalmente ficam contidas na cavidade podem se insinuar (“sair”) e eventualmente causar uma complicação. O intestino pode ser um exemplo dessa estrutura que “sai”.


Entendam que, abaixo da pele, existem várias camadas como derme, gordura, músculo, tendões e aponeuroses (estruturas de contenção semelhantes aos tendões, com função de sustentação).


Quando o abdome é aberto em um procedimento, o processo de cicatrização transforma tudo isso em apenas uma cicatriz que, por sua vez, nunca é mais forte do que era antes da maneira natural.


Em outras palavras, devido à pressão interna dos órgãos, pode haver uma protusão (“elevado”) em algum ponto. Essa produção pode se transformar em um “saco” em que o intestino pode penetrar e torcer, gerando o quadro oclusivo, isto é, de obstrução.


Problemas inerentes ao procedimento

Já com relação aos problemas inerentes ao procedimento, tudo que é realizado durante a cirurgia induz a consequências maiores ou menores ao organismo. Ou seja, no caso dos intestinos, emendas e pontos para corrigir vazamentos são capazes de diminuir o diâmetro efetivo de passagem e impedir o fluxo natural de resíduos.


Quais são os sintomas das síndromes obstrutivas?

Cada paciente irá manifestar as SOI diferentemente, mas é comum observarmos:

  • Presença de dor abdominal (cólica);

  • Distensão abdominal;

  • Parada de eliminação de gases e fezes;

  • Soluços e vômitos (em alguns casos).

Cada um dos sintomas não é uma constante e está relacionado com o grau de intensidade da obstrução intestinal, a velocidade de instalação do problema, a causa e os fatores relacionados a questões individuais do organismo do paciente.


Quando suspeitar de obstrução intestinal?

Na maioria das vezes, o indivíduo com obstrução intestinal observa:

  • Modificações no hábito intestinal;

  • Desconforto de instalação gradual;

  • Soluços;

  • Vômitos.

Esses são os indicativos de que está na hora de procurar ajuda médica. Quanto mais rápido for feito o diagnóstico e instalado o tratamento, maior será a chance de uma resolução menos invasiva do caso.


Além do exame clínico, o médico poderá solicitar a realização de radiografias e tomografias, que ajudam na definição do quadro e também da causa mais provável.


Obstrução intestinal precisa de cirurgia?

Se a causa da obstrução intestinal for por aderências, a grande maioria dos pacientes poderá ter o quadro resolvido com a diminuição da pressão de volume dentro das alças intestinais.


Isso é possível porque, quando estão mais vazias, as alças tendem a se desenrolar e o fluxo de bolo fecal volta ao normal. Para isso, o médico poderá propor ao paciente a instituição de jejum e a passagem de uma sonda (“canudo”) pelo nariz e que vai até o estômago e retira o líquido refluído.


Foi essa medida que resolveu o caso do presidente da República.


Por outro lado, quando a causa da obstrução são as hérnias ou obstruções mecânicas fixas – como estreitamentos do diâmetro intestinal –, mesmo que haja uma resolução com as medidas conservadoras, a grande maioria das pessoas vai se beneficiar de um procedimento cirúrgico.


A cirurgia é uma estratégia para corrigir o defeito anatômico e minimizar a chance de recorrência das Síndromes Obstrutivas.


Situações de urgência

Com relação à operação para tratar a obstrução intestinal, mesmo que haja necessidade de uma cirurgia corretiva, é importante resolver o quadro de urgência do paciente, sempre que possível, e tentar operar em condições mais favoráveis.


Em caso de dúvida, procure ajuda especializada!

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