“Descobri um câncer, e meu médico não quer tirar isso de mim rápido. Por que ele não quer me operar logo?” – Vamos responder essa pergunta?
Câncer é uma palavra capaz de gelar os ossos de qualquer um. Como pode algo tão perfeito como o corpo humano permitir que seja destruído por algo que vem dele mesmo? Vivemos uma epidemia de doenças malignas, e o pior é que vemos pessoas cada vez mais jovens sofrendo com câncer.
Como pudemos ver em um texto que publicamos aqui no blog sobre o tema, realmente temos observado um aumento na incidência de câncer em pessoas mais jovens, devido a fatores como:
Maior acesso ao diagnóstico
Piores hábitos de vida
Maior exposição a elementos carcinogênicos (alimentos industrializados e ultraprocessados)
Mas mesmo descontando os jovens, o próprio envelhecimento da população tem-se associado a um aumento no diagnóstico de câncer.
Diagnóstico de câncer
Quando um paciente recebe uma notícia como “encontramos uma lesão e, infelizmente, é maligna”, o chão parece sumir debaixo dos seus pés. “Será que vou morrer?”, é uma reação bem comum dos pacientes.
Alguns duvidam, outros se revoltam, muitos entram em choque e pouquíssimos aceitam e entendem o que está sendo dito. É verdade, a partir deste momento, tudo na vida dele vai mudar, mas é fundamental que entendam que nem só para pior, uma vez que muito crescimento, aprendizado e amadurecimento podem vir desse problema.
Diagnóstico de câncer não é o fim!
Com mais de duas décadas de experiência como médico, acredito que pude vivenciar muita coisa e sempre observei que as pessoas que usam essa experiência para evoluir, sempre saem ganhando no final, independente de qual evolução tenham.
Mas, voltando ao tema de hoje, por que alguns médicos não vão logo removendo o tumor, assim que é feito o diagnóstico?
Existe necessidade de uma cirurgia de câncer?
Muita gente não entende… Se o médico achou uma lesão, por que não operar e remover o câncer quanto antes?
A resposta é simples: porque a medicina evoluiu!
Antigamente, com os poucos recursos que se tinha, muitas vezes o cirurgião era obrigado a operar um doente sem ao menos saber o que ele tinha. Isso gerava diagnósticos tardios e errôneos, tratamentos inadequados e sequelas irreversíveis.
Hoje, o conhecimento científico anda a passos largos e sabemos muito mais sobre diversos tumores. Não tenho dúvidas que as gerações futuras ainda vão se referir a nossa como sendo muito atrasada. É assim que a ciência se desenvolve.
Exemplos da evolução do tratamento de câncer
Vou dar exemplos de alguns fatos que nos levam a estudar antes e tratar depois, com ganhos para o paciente.
1. Biópsias são fundamentais
Não dá para tratar direito sem saber com o que se está lidando. Existem vários tipos de câncer que podem acometer um mesmo órgão e as condutas frente a cada um diferem muito.
Então, aquela espera pela análise do patologista é fundamental para o doente, somente em casos especiais ou situações extremas se indica um tratamento sem o resultado de uma biópsia tumoral.
2. Exames mais precisos
Com a melhora da medicina diagnóstica, cada vez mais podemos estadiar uma lesão com precisão antes de programar uma abordagem. Isso permite:
Diminuir intervenções desnecessárias
Direcionar o tratamento
Ajuda a definir qual a melhor estratégia a ser seguida
Então, fazer vários exames não significa tempo perdido.
3. Tratamentos diversos
A partir do momento em que temos mais acesso a informações sobre o câncer, muitas vezes um mesmo tipo tumoral pode ser tratado de maneiras diversas.
Por exemplo, pacientes com câncer de reto, dependendo da localização no reto, estágio evolutivo e sinais de disseminação a distância, vão operar direto, enquanto outros fazer radio e quimioterapia, primeiro, e outros nem vão precisar de cirurgia. Para saber mais sobre esse tema, veja tags sobre câncer na coluna à direita desta página.
4. Biologia tumoral e genética
Outra área que evoluiu muito é a de avaliação da biologia e genética tumoral. O estudo molecular de marcadores nas células tumorais nos ajuda a definir quais lesões respondem a determinada medicação e quais precisam de cirurgia.
Pode chegar um momento em que tomando apenas um remédio seja possível ficar livre de um câncer! Imaginem?!
Conclusão
Espero que esse texto ajude a acalmar os corações aflitos. Todo médico que trabalha com tumores malignos tem que ter empatia com o sofrimento que os pacientes estão passando, mas também é muito importante que o paciente entenda que todo esforço será feito para receber o melhor tratamento.
Para isso, talvez, ter paciência e fazer o que lhe é sugerido seja uma boa ideia.
Esse texto é dedicado a todas as pessoas que estão sofrendo com o diagnóstico de doenças malignas – saibam que não estão sozinhas!
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